Os últimos anos têm sido marcados por recordes na venda de imóveis no estado. Mas há muitos mineiros que se perguntam se o sonho da casa própria constitui o melhor investimento. Quem tem um perfil mais arrojado, às vezes, prefere aplicar o montante em fundos com lastro em renda fixa ou mesmo naqueles variáveis. Acreditam ser mais vantajoso, por obter uma renda capaz de pagar o aluguel de um imóvel no mesmo padrão daquele que compraria e ainda sobrar dinheiro.
Wanderlei Ramalho, coordenador de pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-MG), órgão que faz levantamentos mensais sobre o comportamento do mercado imobiliário em Belo Horizonte desde a década de 1990, diz que não existe uma resposta taxativa sobre a melhor escolha. “Vai depender muito do perfil do investidor”, avalia.
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Segundo ele, os imóveis apresentaram uma valorização muito forte desde 2007, mas acredita que chegaram ao pico. “Quem comprar agora vai comprar na alta. Acredito que os valores chegaram ou estão muito próximos de um limite. Havia, sim, espaço para uma adequação de preços, mas já há uma especulação nos valores atuais. A expectativa e a ansiedade das pessoas em ter sua casa própria foi precificada”, esclarece.
Na avaliação do especialista, como houve uma elevação grande nos últimos anos, criou-se também uma corrida pelos imóveis. “Parece que as pessoas estão se apressando para comprar ou trocar logo de apartamento, com medo de que suba ainda mais. Mas tudo tem um limite. No mercado, tudo que sobe demais acaba voltando a um patamar normal. E, embora acredite que isso esteja próximo de ocorrer, é algo difícil de prever. Pode ser este ano, daqui a dois ou três”, calcula.
Para Ariano Cavalcanti de Paula, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), dependendo do imóvel, é mais interessante comprá-lo. “Os imóveis têm valorizado 20% e as remunerações de renda fixa menos de 10%. Além disso, a locação também encareceu, o que influencia nesse raciocínio. O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) está pagando 11,89%, e a Selic, acima disso. Então, a valorização do imóvel supera todos eles.”
OSCILAÇÃO
De acordo com Ariano, se o ritmo de crescimento deste ano se mantiver como no primeiro trimestre, os imóveis devem fechar o ano com uma valorização de 19% ou 20%. “Registramos mais transações até agora do que em 2010”, revela. No entanto, de acordo com a última pesquisa do Ipead, houve uma alta de 15,04% no estoque de apartamentos ofertados, passando de 1.416 unidades em fevereiro para 1.629 em março. A velocidade de vendas, que refere-se à razão entre a quantidade de unidades vendidas e ofertadas, teve queda de 3,6 pontos percentuais no período, saindo de 28,84% para 25,54%. Avaliando a série histórica, percebe-se que as vendas, que estavam a todo vapor, começam a oscilar, variando entre melhora num mês e queda no mês seguinte.