Agito sem incomodar o vizinho

Construtoras apostam em espaços de festa distantes do pilotis para não importunar moradores

Outras investem na proteção de casas tombadas e usam espaço para reuniões e confraternizações

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postado em 29/11/2012 10:16 Humberto Siqueira /Estado de Minas
Edifício Morada Fontenelle, da Lider, que protegeu imóvel da década de 1930 e vai transformá-lo em salão de festas  - Construtora Lider/Divulgação Edifício Morada Fontenelle, da Lider, que protegeu imóvel da década de 1930 e vai transformá-lo em salão de festas

Os empreendimentos de alto padrão estão buscando oferecer cada vez mais opções de lazer para os compradores; há exemplos que chegam a 40 itens. No entanto, alguns espaços que valorizam o imóvel, como boate, garage band e o tradicional salão de festas, podem gerar barulho para os demais moradores e acabar atrapalhando a política de uma boa vizinhança. Por essa razão, duas tendências têm se mostrado fortes entre as construtoras e agradado aos clientes. Uma é pensar em soluções para ter o salão de festas fora do pilotis do prédio; a outra é adoção de tratamento acústico para isolar o máximo possível os ruídos, no caso dos terrenos que não permitem a construção do salão em outro espaço senão o pilotis.

O diretor da Mobyra Incorporações, Rodrigo Guaracy, tem experiência nas duas modalidades de construção. No Bosque Club Condomínio, em Betim, na Grande Belo Horizonte, ele comprou uma área de 15 mil metros quadrados e fez o salão de festas afastado 30 metros dos 10 prédios residenciais, que somam 160 apartamentos. “Isso proporciona qualidade de vida ao morador, que não será incomodado com o barulho da festa do vizinho. E nos permitiu fazer uma varanda, que pode ser integrada ao salão abrindo a porta, onde fizemos uma churrasqueira e forno para pizza”, revela. O Bosque Club ficará pronto em dezembro de 2013, teve 40% das unidades vendidas e oferece preços a partir de R$ 260 mil.

Em outro empreendimento, no Bairro de Lourdes, na Região Centro_Sul de Belo Horizonte, e já entregue, Rodrigo Guaracy não tinha terreno com tamanho suficiente para fazer o salão de festas fora do pilotis do edifício. Partiu então para um projeto acústico que levou em conta todas as possibilidades de conter o som dentro do salão e, assim, dar sossego aos moradores. “O tratamento acústico também é uma tendência. O custo/benefício está mais interessante. Pode ser feito de diferentes maneiras. Com uso de espuma, colchão de ar. Na própria alvenaria existem tijolos especiais. O cuidado também passa por janelas, vidros e portas próprios e é possível tratar o ambiente inteiro. Mas a mão de obra é especializada. Geralmente é preciso terceirizar essa parte para empresas conceituadas na área”, explica.

VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO

O empreendimento Lider Morada Fontenelle, da Construtora Lider, aposta em algo que Belo Horizonte experimenta há alguns anos: investir no patrimônio da jovem cidade, que completa 115 anos em dezembro. Um dos projetos da Lider está localizado atrás do terreno de duas casas, no Bairro de Lourdes. Ali, a empresa vai restaurar dois imóveis históricos da década de 1930. Segundo a coordenadora de marketing da empresa, Ana Paula Miguel, a estrutura e o requinte das construções foram mantidos, contribuindo para a preservação do local e da história da cidade.

Uma das casas abrigará a portaria e o hall de entrada, enquanto a outra, maior, será o salão de festas do edifício, que também vai contar com um espaço festivo no pilotis. O casarão, convertido em espaço de confraternização, terá todas as suas características preservadas. Mas passará por uma adaptação para permitir a entrada de cadeirantes e terá fiação elétrica e encanamento trocados.

“Isso é necessário e melhora a segurança do imóvel, afastando o risco de infiltração ou de curto-circuito, e dos moradores”, lembra Ana Paula. Ela diz ainda que a entrada do salão de festas é totalmente independente, proporcionando comodidade e tranquilidade aos moradores. “O salão oferece aos condôminos mais liberdade na hora de realizar encontros entre amigos e festas familiares”, garante a responsável pelo marketing da Lider. “Por ter mais de um espaço para recepção, conseguimos criar um empreendimento onde é possível a realização de dois ou mais eventos no mesmo dia, sem que um interfira no funcionamento do outro. Assim, praticamente eliminamos a disputa pela reserva da área comum em datas especiais”, enfatiza Ana Paula. Mas esse conforto tem um valor: os apartamentos custam a partir de R$ 1,5 milhão.

Comemorar sem estresse
Usar revestimentos como madeira para as paredes e placas acústicas no teto é solução para abafar o som. Áreas de festa isoladas dão mais segurança e conforto para todos

Morar bem não é só uma questão de localização. Segurança, privacidade e conforto são itens indispensáveis para uma satisfação pessoal e de bem-estar. Um dos grandes desafios para os empreendimentos residenciais é manter esses conceitos em ambientes compartilhados, como áreas de lazer e salões de festas. Nesse último item, a preocupação com o barulho, com a segurança dos condôminos e a conservação de outras áreas do prédio aumenta à medida que cresce o número de eventos promovidos nos edifícios – como batizados, aniversários, churrascos, almoços em família, chá de fralda, despedidas de solteiro etc. – e cresce o contingente de pessoas desconhecidas que circulam pelos prédios residenciais. Por isso, construir os espaços de forma independente das áreas de circulação do condomínio é uma alternativa interessante. E uma demanda de um público cada vez mais exigente.

A diretora comercial e de relacionamento da RKM, Adriana Bordalo, diz que a empresa investe no isolamento das áreas de festa desde 2006, como o condomínio Karina Barakat  - Euler Junior/EM/D.A Press - 12/7/11 A diretora comercial e de relacionamento da RKM, Adriana Bordalo, diz que a empresa investe no isolamento das áreas de festa desde 2006, como o condomínio Karina Barakat
A RKM Engenharia, construtora especializada no segmento de alto luxo, apostou em um empreendimento com salão de festas totalmente separado do edifício no condomínio Karina Barakat. Concluído em 2006 e localizado no Bairro Funcionários, o empreendimento tem salão de festas com entrada própria e infraestrutura completa. A empresa restaurou o casarão Milisset, de 1912, tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico, e o incorporou ao edifício residencial. A restauração do espaço permitiu a criação desse ambiente para confraternizações, que abriga um salão gourmet, um lobby, sala de jogos e adega coletiva.

A diretora comercial e de relacionamento da RKM, Adriana Bordalo, diz que o salão dentro da casa antiga, que tem piso em madeira e pé-direito alto, dá um charme todo especial às comemorações. “Permite ainda que o convidado acesse a festa pela entrada independente e, com isso, mantém a privacidade dos demais moradores, pois os visitantes não precisam ir até a torre dos apartamentos”, pondera. Um outro benefício é que esse modelo possibilita manter as demais dependências do prédio preservadas e limpas. “Essa característica residencial caiu no gosto dos moradores, pois evita desentendimento com vizinhos em função do barulho”, lembra Adriana.

MATERIAIS DIFERENCIADOS

Em outro empreendimento da empresa, entretanto, o Condomínio Zaidal, não foi possível isolar o salão de festa. Por isso, a construtora adotou outra estratégia. “Colocamos o salão um andar acima do lobby. Então, a festa pode ocorrer sem tirar a privacidade de quem usa outras áreas de lazer. E contratamos um projeto acústico para a boate e o salão de festas. O ar-condicionado foi instalado para o morador poder fechar as janelas e abafar o som. O teto recebeu placas acústicas e o revestimento das paredes é diferenciado. Assim, os demais moradores não são incomodados”, pontua.

Para Rodrigo Guaracy, diretor da Mobyra Incorporações, investir em salões de festas independentes é importante e confere mais tranquilidade aos condôminos. “Esse ambiente externo não interfere na rotina dos moradores, além de prezar por itens indispensáveis para um “morar bem”, como segurança, privacidade e conforto,” acrescenta.

Tags: espaços,

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Luciana - 29 de Novembro às 12:16
Esses prédios construidos em áreas tradicionais preservando o casario histórico são todos muito lindos - e estão fazendo um bem muito grande a BH. Pena essa idéia não ter sido obrigatória desde os anos 70, quando começaram a demolir os antigos bairros residenciais.

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