Casa em São Paulo expande modelo tradicional para chegar ao infinito

Projeto aumenta a noção do traçado arquetípico comum nos desenhos de criança

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postado em 12/06/2013 11:37 / atualizado em 12/06/2013 15:27 Joana Gontijo /Lugar Certo
Fernando Guerra/Divulgação

Uma reverência à natureza. Um tipo de “namastê”, em que a pessoa que se encurva em um cumprimento silencioso, como é comum na Índia, diante do outro ou de uma representação, nesta situação, frente ao meio natural. Esta casa no interior de São Paulo tem traços estéticos e conceituais que a fazem parecer saudar a paisagem, onde ela está totalmente integrada.

Quem assina o projeto são os arquitetos Marcio Kogan, Maria Cristina Motta e seus parceiros no escritório studiomk27 que, como esclarece Kogan, intencionaram principalmente esticar o modelo tradicional de casa que aparece nos desenhos infantis mais recorrentes, com o telhado de dois caimentos. Esta característica foi, então, superestendida, compondo uma forma retangular amplificada em um tamanho grandioso, com 55 metros de frente e 14 metros na lateral.


Espalhada pelo gramado que continua por um campo de golfe, a Casa M&M, como foi batizada, valoriza o grande volume horizontalizado, que recebeu, na cobertura, um telhado verde, totalmente fechado por grama, fazendo com que o imóvel pareça ser fruto da terra. Vendo de uma distância maior, o que surge lembra mais uma flexão do lote gramado sendo que, de longe, esse verde se torna o ator principal do conceito. A vegetação na parte superior da laje também assume a função de melhorar o conforto térmico, agindo como isolante ao fazer uma barreira para a entrada do calor.

Pelo outro extremo da construção, na parte externa, o deck de madeira e a piscina contribuem para ressaltar o traçado horizontal, permitindo mais ainda a fusão entre a obra e o entorno, refletindo a natureza ao redor, o que fica evidente com o fundo infinito nas três bordas. O longo deck, além de conter a cozinha e o estar externo, funciona como uma passarela que leva à piscina e proporciona vistas belíssimas da paisagem.

Localizada em um condomínio em Bragança Paulista em um lote de 4,5 mil m² e com 715 m² de área construída, a morada é usada por um casal com quatro filhos adultos, durante as férias e os fins de semana. Kogan salienta que a proposta foi concebida especificamente para este terreno e esses usuários, procurando a conexão entre o meio e os habitantes, exaltando elementos como afetuosidade e contemporaneidade para compor a contrapartida espacial.

Organizada em um único andar térreo, a construção recebe um tipo de “praça” ou varanda de convivência nascendo em um eixo transversal que perpassa o volume da obra, começando na porta de entrada e chegando à piscina. Na parte central deste eixo, esta área inclui um ambiente de estar, um forno de pizza e uma convidativa churrasqueira dos quais desfruta o pai, um gourmet. Com ventilação cruzada permanente, o espaço oferece conforto para a permanência nas altas temperaturas do interior de São Paulo.

Essa varanda faz a transição entre o interior e o exterior, dividindo a estrutura em dois blocos laterais de madeira. Um dos lados, pela direção sul, compreende os espaços íntimos da família, como a sala de TV e o estúdio de gravação da mãe, que adora música e canta sem compromisso profissional, além da garagem. No outro bloco, ao norte, estão as suítes, a cozinha, a área de serviço e a sala, que também se conecta com o vazio do eixo perpassante. O forro constrói uma espacialidade interna: na varanda é baixo e de concreto e na sala acompanha o desenho do telhado em águas e é construído com ripas de madeira.
Fernando Guerra/Divulgação

O design interno da residência, de autoria de Diana Radomysler, também do studiomk27, reforça o clima de aconchego e abraça os moradores. Entre os elementos especificados na decoração, a iluminação suave e indireta, a aplicação abundante da madeira no forro, e portas-camarão de freijó ripado são destaques. Estas portas, além de filtrar a luz, concebem uma interessante textura desenhada no interior, mantendo a privacidade ao mesmo tempo que abrem a visão para fora.

No mobiliário, surgem ainda ícones do design europeu como os sofás Nébula Nine, as poltronas Dinamarquesa, cadeiras Wishbone CH24, além de itens assinados pelo própio studiomk27, como a mesa de jantar de madeira e ferro, estantes, mesas e bancos feitos de toras de madeira. Também saltam aos olhos peças antigas mescladas a reedições de clássicos nacionais, em madeiras reaproveitadas e rústicas, couro e tecidos naturais, em uma composição que evidencia ainda o granito apicoado em todo piso.
Fernando Guerra/Divulgação

Tudo o que sustenta a história dos moradores em suas interações e objetos de apreço, como um pano de fundo para a solução arquitetônica encontrada.

Tags: casa

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