Arquitetura sensorial dá o tom de casa que se curva à natureza no Arizona

Construção se incrusta no deserto como um cortejo à paisagem

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postado em 04/07/2013 09:49 / atualizado em 04/07/2013 10:46 Joana Gontijo /Lugar Certo
© Jeff Goldberg/ESTO

Esta casa nos Estados Unidos nasceu para reverenciar a natureza. Ela permite tirar proveito total da paisagem ao redor, uma região de exuberância singular, sem interferir em quase nada no meio ambiente, criando uma inserção consonante à atmosfera do Arizona. Instalada em uma área conhecida como Deserto de Sonora, a construção lança mão de um conjunto de convicções arquitetônicas diferenciadas, valorizando a conservação de um ecossistema valioso, de encantos múltiplos e quase nunca encontrados, levando a patamares elevados o diálogo com o entorno. O projeto é de autoria do escritório DUST Architects.


Distante cerca de 120 m da morada, a garagem mostra logo de cara o que a casa quer – que o morador ou o visitante percorra o deserto e sinta a natureza mesmo antes de adentrá-la. E esta proposta sensorial fica amplificada quando se chega lá. Para alcançar a entrada da construção, é preciso atravessar vários, grandes e inusitados degraus, que vão de um nível terrestre mais baixo até a porta. Eles remetem a pedras de uma escalada que, antes escondendo em parte o imóvel, no percurso deixa descobrir a residência gradativamente a medida que se movimenta em direção a ela, o que fomenta a percepção e aumenta a ansiedade para ver o segredo revelado, fazendo já deste momento uma oportunidade de deixar os problemas para trás e se concentrar na experiência.
© Jeff Goldberg/ESTO

A incorporação da morada ao ambiente natural também parte da especificação dos materiais. A estrutura acentua como um dos maiores destaques a taipa, técnica construtiva ancestral, que se baseia em elementos tipicamente fartos no meio ambiente, como terra e pedregulho. Herança de culturas árabes, a taipa se apresenta em paredes compostas em barro amassado, muitas vezes com a adição de cal, e fornece um bom resultado em termos de condicionamento térmico. O visual horizontalizado que surge daí conversa diretamente com a organicidade do deserto e, a partir de uma essência palpável, acaba quase em poesia. Por dentro, a sensação de aridez gerada pelos cactus ganha um tom acolhedor com a decoração especialmente planejada para conferir aconchego aos ambientes.

A distribuição dos cômodos obedece a delimitação de três áreas na planta: uma para os ambientes de convívio, uma zona para os espaços íntimos, e outra voltada ao descanso e lazer, além de um abrigo de aparatos para gravar música. Por enquanto, esta divisão parece comum. Mas é assim que aparece a particularidade desta casa. Estes blocos não estão integrados e, para circular entre eles, a forma possível é circundando por fora a morada. Desta maneira, a interligação do usuário com o deserto se estende potencialmente, assim como a separação idealizada assegura o isolamento acústico entre as distintas seções, como almejavam os donos. A obra, enfim, abusa com inteligência dos instrumentos da boa arquitetura para precipitar a natureza e saudar sua beleza.
© Jeff Goldberg/ESTO

© Jeff Goldberg/ESTO

Tags: arquitetura

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