No projeto desta casa no Sudeste Asiático, as curvas não surgem por um mero capricho arquitetônico. O conceito começou com um bloco em L, mas a decisão de suavizar a geometria, por causa dos vizinhos, fez nascer um belo, imponente e sinuoso pavilhão. Anexo ao volume linear frontal à rua, a estrutura suspensa em pilotis se abre ao jardim central em amplos panos de vidro, e integra a construção ao grupo do bairro. Localizada em Singapura, a Screen House tem 590 m² e assinatura do escritório K2LD Architects.
Segundo os responsáveis pela obra, a ideia foi recuar o imóvel em relação aos dois vizinhos diretos (uma casa colonial e outra cúbica), a fim de preservar uma certa distância que respeita o entorno. Aqui, os arquitetos aparecem praticando um tipo de contextualização arquitetônica tipicamente vista no cenário urbano, especialmente quando há nas edificações um caráter histórico, por onde o projeto se difere deste panorama, mas não pode ser entendido sozinho ou isolado – só adquire significado quando entendido em relação ao conjunto.
Este recuo proposital faz parte da estratégia de misturar a residência à paisagem natural. Desta maneira, pela entrada a cobertura apoia-se em uma fileira de altos e esbeltos pilares de aço; no jardim, ela avança para desenhar um deck de madeira, que ladeia a piscina e lá é sustentado em três colunas, também em aço. As paredes envidraçadas do pavilhão curvilíneo e o segundo pavimento do bloco linear receberam a proteção de delicadas telas de madeira. Esta especificação forneceu às superfícies tom mais quente e um senso de escala, fazendo da transparência pura um elemento translúcido, ao mesmo tempo que preserva o interior da insolação direta.
O volume principal reúne divisões menores que sobrepõem escolhas variadas, como concreto texturizado, granito e madeira, celebrando o potencial expressivo e a beleza instrínseca a esses materiais. A rica paleta de acabamentos e revestimentos reforça a proposta da união com a natureza, indicando também características culturais dos projetistas. O profissional que centralizou os processos construtivos é conhecido por sua empatia com as tradições estéticas japonesas, das quais é grande admirador depois de ter passado um ano trabalhando naquele país, logo no início da carreira.
Uma distribuição fluida consolida usos flexíveis das principais áreas da morada, como as salas de estar e jantar, além dos ambientes familiares. As divisórias entre os quartos deslizam e podem ser escondidas para se adaptar às funções exigidas. Corredores tornam-se passagens de 3,6 m de largura, como extensão da área de brincar das crianças. O porão configura-se para ser um grande espaço com vão livre, ideal para a realização de festas, quando os convidados poderiam ter uma vista panorâmica da zona de lazer e até desfrutar de uma pista de boliche.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação