Nesta intervenção arquitetônica em uma cabana original da década de 1940, o jogo de luz e sombra faz a construção desaparecer no meio do deserto nos EUA. Na árida região de Joshua Tree, na Califórnia, um artista criou uma instalação que transforma, pela ilusão de ótica, uma antiga propriedade rural, deixando-a transparente. As mudanças da iluminação natural, integradas à aplicação de LEDs, fazem a paisagem refletida surgir colorida, em diferentes tons, com o passar do tempo, enchendo os olhos curiosos com belas composições em azul, vermelho, amarelo, laranja, roxo ou verde, que variam em um mesmo dia.
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Composta por espelhos, a Lucid Stead, como o projeto foi batizado, parece invisível e, assim, fornece uma experiência onírica, quase espiritual. Os vidros refletores adicionados à fachada, portas e janelas desenham linhas horizontais por toda a parede externa, dando a impressão que é possível enxergar através da estrutura.
Ao decorrer do dia, a casa-cabana de 70 anos de idade, reformulada pelo artista Phillip K Smith III, funciona como a armadura da obra, reproduzindo o meio ambiente do entorno, parecendo mais uma miragem ou alucinação. Quando está atrás das montanhas, o sol impõe as alterações nos campos de cores geométricos, que de repente emergem até deixar a cabine como que pairando na escuridão isolada. A percepção de cada observador também segue estas transformações, realinhadas conforme as próprias prevalências sensoriais. Fica, para quem está perto, o sentimento evidente da solidão e um ritmo medido da natureza.
"Lucid Stead busca aproveitar a tranquilidade e o ritmo de mudança do deserto. Quando você desacelera e se alinha com o deserto, o projeto começa a se desenvolver. Revela que se trata da luz e da sombra, reflete a luz, a luz projetada e as mudanças do ambiente", descreve o autor.
Com o auxílio de equipamentos eletrônicos de programação e as lâmpadas LED, a luz projetada se revela também ao fim do dia, criando um movimento flutuante na noite do deserto. As quatro aberturas das janelas e a porta se transformam em retângulos nítidos de cor. Uma luz branca, que parte de dentro para fora, reforça as fendas entre o revestimento de espelho e o de madeira, deixando a casa envolta em tiras iluminadas.
A cadência das mudanças de cor das aberturas faz questionar se elas estão realmente variando. De perto, o primeiro ponto de vista percebe azul, vermelho e amarelo. Mas mirando desde baixo e se deslocando três metros a outra região, é possível apreender novos tons, que se alteram em laranja, roxo e verde. Em última análise, este projeto deixa claro o movimento de efemeridade da natureza desértica, convidando a desacelerar e se abrir à tranquilidade para, apenas deste modo, conseguir ver e escutar de maneira diferente.
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