Bares e restaurantes de BH fazem reformas e melhorias apostando na Copa do Mundo
Empresários investem em reforma e ampliação de espaços comerciais de olho na competição. Obras podem gerar aquecimento do negócio e valorização do imóvel
Com a expectativa de que a cidade vai ficar movimentada durante a Copa do Mundo, estabelecimentos comerciais investem em reforma para atender o aumento da demanda. Tornar o lugar mais atrativo, ampliar a capacidade e reorganizar o espaço para facilitar o atendimento estão entre os pedidos recebidos por escritórios de arquitetura em Belo Horizonte. A aposta é de que o mercado deve permanecer aquecido até o início do evento esportivo. Além de alavancar os resultados do negócio, as mudanças podem representar uma consequente valorização do imóvel.
Izabel Souki, diretora do escritório Izabel Souki Engenharia e Projetos, conta que o trabalho voltado para a Copa do Mundo se intensificou desde o meio do ano para cá, mas ainda há tempo para quem tem a intenção de mudar a cara do seu negócio. “Conseguimos fazer obras ágeis, dependendo do tamanho do estabelecimento e da complexidade do projeto. O mais demorado é quando, além da reforma interna, altera-se a fachada”, comenta. Antes de pensar em estética, a arquiteta lembra que é preciso considerar a funcionalidade do espaço. Muitas vezes, mesmo que não seja possível pensar em ampliação, consegue-se aumentar a capacidade. Reorganizar mesas pode ser uma alternativa.”
Tradicional ponto de encontro de torcedores, o bar e restaurante Hangar 01 está em reformas há três meses para se preparar para o aumento da demanda durante a Copa do Mundo. Novas mesas compradas, televisores instalados em aparadores móveis para atender a calçada e a capacidade do estabelecimento, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste da capital, saltou de 150 para 240. A luz branca do salão, que dava reflexo nas telas e ofuscava a visão dos clientes, deu lugar a uma iluminação amarelada, a sanca de gesso substituiu as lâmpadas na parede e uma tinta preta cobriu o teto, deixando o ambiente mais agradável. O investimento chegou a R$ 100 mil, incluindo a troca de equipamentos. “Espero que o belo-horizontino mantenha a tradição de se reunir com amigos para assistir e comemorar os jogos da Seleção”, vislumbra o sócio Leonardo Koscky. Com a prometida inauguração de seis hotéis nas redondezas do bar e restaurante, a expectativa é também de receber turistas.
Izabel Souki recomenda incluir outras mudanças no projeto de reforma. O estabelecimento deve se preparar para receber clientes com necessidades especiais, incluindo banheiros acessíveis, rampa de acesso e ampliação de corredores, e considerar a prevenção e combate a incêndio, com itens como extintor, iluminação de emergência e comunicação de rota de fuga.
Também é indicado investir em climatização para que a temperatura do local seja agradável, e acústica. “Se tiver música alta que vai gerar barulho depois das 22h, é preciso pensar em revestimentos de parede, teto e piso, como forro de lã e tecidos, que permitem uma acústica melhor”, explica a arquiteta.
Os custos da obra dependem do que o cliente quer e pode fazer, mas Izabel garante que o investimento não precisa ser alto. “Sempre consideramos o público que será atendido e o capital que o empresário vai investir para ter retorno. Usando criatividade e bom senso, conseguimos fazer projetos muito bacanas e com pouco dinheiro”, destaca. O arquiteto e decorador Luis Fábio Rezende de Araújo acrescenta que o importante é tornar o estabelecimento mais atraente aos olhos dos clientes. “O turista que se alimenta em um restaurante com a cara moderna vai levá-lo para fora como indicação. Da mesma forma que nós buscamos referências de pessoas que conhecem o lugar para onde vamos”, exemplifica. Para ele, o investimento deve ser pensado não apenas para o evento esportivo, mas levando em conta a repercussão que a cidade poderá ganhar no mundo inteiro.
NEGOCIAÇÃO
Para que os turistas possam experimentar os famosos tira-gostos mineiros, o empresário Ricardo Augusto Moreira Filho, um dos donos do bar e restaurante Petisqueira do Jacaré, no Bairro Enseada das Garças, Região da Pampulha, investiu R$ 230 mil para reformar o espaço. O salão triplicou, os banheiros foram arrumados e a cozinha cresceu. Em contrapartida, os sócios negociaram com o proprietário do imóvel um período de carência e o contrato de aluguel valerá por 10 anos. “Um lote no bairro custa de R$ 500 mil a R$ 600 mil. Não fizemos uma avaliação oficial, mas temos certeza de que com as benfeitorias o imóvel vale no mínimo R$ 1,5 milhão. Com a ampliação prevista para o início do ano que vem, o valor pode chegar a R$ 2 milhões”, calcula Ricardo, sinalizando a intenção de comprar a casa, que está em um terreno de dois mil metros quadrados. O estabelecimento fica a sete quilômetros do Mineirão.
Um dos donos do bar e restaurante Petisqueira do Jacaré, na Região da Pampulha, Ricardo Augusto conta que investiu R$ 230 mil para reformar o espaço
O vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Fernando Júnior, alerta que o inquilino deve solicitar autorização do dono para reformar o imóvel, sob pena de sofrer ação de despejo, e aproveitar o momento para negociar vantagens. “O proprietário tem que vislumbrar a valorização do imóvel. A dica é apresentar o projeto da reforma, mostrando quanto isso vai agregar para o imóvel”, orienta. É comum o locatário conseguir um desconto no aluguel ou ficar meses sem pagar. Júnior não nega que há um risco do investimento, mas o inquilino pode negociar um tempo maior de contrato, principalmente se estiver para vencer, para que os gastos sejam compensados.
Comentários
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Paulo
- 14 de Novembro às 09:09
O problema é os preços praticados. Estão simplesmente um absurdo!