Mais que um estilo de vida

Apartamentos compactos ou supercompactos conquistam mercado

Imóveis menores agradam principalmente a fatia composta por pessoas que moram sozinhas e buscam espaços com aconchego e praticidade

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postado em 09/10/2017 13:56 / atualizado em 09/10/2017 14:00 Jessica Almeida /Estado de Minas
Lelys/Ilustração

Imagine morar em um imóvel supercompacto. Para quem sempre reclama do apartamento pequeno, deve ser um pesadelo pensar em acordar, usar o banheiro, cozinhar e todas as outras atividades normais de uma casa entre 10 metros quadrados (m²). O pesadelo de uns pode ser o ideal para outros, principalmente pessoas que moram sozinhas e buscam aconchego e praticidade. “Morar assim é um estilo de vida, uma tendência minimalista, simplificada da vida”, opina a designer de ambientes Fernanda Berni. E ela está certa. Morar em espaços menores, com áreas externas compartilhadas com vizinhos, possibilita conhecer novas pessoas e dividir. A tendência do colaborativo deu um empurrãozinho para que as pessoas busquem uma nova forma de ocupar a cidade.

É o caso do supercompacto que está sendo lançado em São Paulo. “A procura pelo apartamento de 10 metros quadrados foi três vezes maior que a oferta, mesmo antes do lançamento oficial do produto”, explica Alexandre Lafer Frankel, CEO da Vitacon Incorporadora e Construtora.

Os apartamentos são considerados os menores da América Latina e serão construídos em São Paulo. A empresa, especializada em empreendimentos com unidades compactas, realiza o primeiro leilão virtual de um empreendimento completo. O Nova Higienópolis será comercializado na plataforma de leilões on-line. Cada uma das 72 unidades poderá ser adquirida em tempo real por qualquer pessoa que se cadastrar no site sold.com.br. A contrapartida são as áreas comuns compartilhadas, como espaços de coworking, lavandeira, cozinha compartilhada, unidade para receber visitas, cinebar, guarda-entregas para delivery e ferramentas compartilhadas.

Mas, e em Belo Horizonte, que em sua história guarda a tradição de imóveis grandes, a ideia seria tão bem-aceita como na capital paulista? “Não acredito nesse mercado em Belo Horizonte. Existem muitas áreas para explorar, mesmo nos grandes centros e em bairros como Lourdes e Santa Efigênia, que ainda tem oferta grande de terrenos. Em São Paulo, o terreno é caro. Se houver aceitação, talvez no Centro da cidade”, opina o vice-presidente das corretoras da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Breno Donato. A justificativa é que os próprios flats, quando se mostraram uma tendência, tiveram dificuldade grande de comercialização. “Houve superoferta e temos dificuldade em vender apartamentos de um quarto”, avalia.

Na capital mineira, os imóveis compactos têm medida em torno de 20m² a 30m². Ou seja, apartamentos menores que isso estão frescos no mercado. As construtoras Patrimar e Cyrela, que atuam no segmento de alto padrão e luxo, lançaram o Edifício Liberty Square com 106 apartamentos com unidades a partir de 33m². “O empreendimento é focado em pessoas que procuram facilidades. Apartamentos compactos e funcionais, como os do Liberty, são a grande tendência no Brasil e no mundo, por não exigir muito tempo para limpeza e organização, o que se adequa totalmente à rotina moderna das grandes cidades”, afirma Lucas Couto, diretor comercial e de marketing da Patrimar.

APROVEITAR OS ESPAÇOS

A decoração de um apartamento supercompacto pode ajudar o morador a aproveitar melhor o espaço. Não só ajuda, como é fundamental nessa situação, já que será preciso colocar, em uma área reduzida, um número de móveis e equipamentos que darão condição de moradia. Nesse caso, todas as estratégias para que o imóvel pareça maior e mais funcional caem bem. “Uma pessoa sem noção de espaço e orientação não terá capacidade de colocar ali tudo de que ela precisa para viver, de forma funcional, bonita, nem agradável”, alerta a decoradora Fernanda Berni.

Segundo a especialista, o ideal é usar poucos objetos, concentrar-se em móveis e equipamentos realmente necessários e não dar espaço para itens supérfluos. O uso das cores e materiais certos também auxiliam a mágica. “Tons claros são pedidos em todos elementos, desde o acabamento, até mobiliários. Cores claras criam a sensação de que o espaço é maior, enquanto as escuras fazem o contrário. Também vou privilegiar peças mais simples, para ter um ambiente visualmente mais leve. Além disso, há materiais que favorecem esses espaços, como espelhos, tanto no mobiliário quanto recurso de decoração. Vidro também, e ele deverá aparecer tanto na mesa como em porta de armários. Até a iluminação ajuda: vou evitar peças de iluminação decorativas com volume e dar preferência para peças embutidas. Um apartamento claro e bem-iluminado parece maior do que de fato é”, recomenda Fernanda Berni.

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram
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