COVID-19

Mercado imobiliário comercial ainda não registra impacto da pandemia

Pesquisa feita pela SiiLA Brasil aponta para uma redução das taxas de imóveis comerciais desocupados, em Belo Horizonte, em decorrência do isolamento social

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postado em 29/07/2020 14:23 / atualizado em 29/07/2020 17:57 Jéssica Mayara*
Condomínio Fernão Dias Business é um dos prédios destinados a escritórios em Belo Horizonte - SiiLA Brasil/Divulgação Condomínio Fernão Dias Business é um dos prédios destinados a escritórios em Belo Horizonte

Um estudo feito pela SiiLA Brasil, plataforma tecnológica que monitora o mercado de imóveis comerciais, condomínios logísticos e shoppings na América Latina, aponta que, no segundo trimestre deste ano, aproximadamente 20,6% dos espaços destinados a implementação de escritórios estão vagos em Belo Horizonte.

Dado este que, comparado ao ano anterior, registrou queda. Em 2019, essa taxa girava em torno de 29,7%. 

Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA Brasil, explica que essa redução na taxa de vacância, ou seja, de imóveis vagos, se deu, mesmo em meio à crise financeira decorrente da pandemia causada pelo novo coronavírus, devido ao desenvolvimento já apresentado pelo mercado antes da chegada do vírus no país. 

Além disso, Nicastro pontua que um fator capaz de refletir positivamente nos números é o fator isolamento social, visto que, neste contexto, há a recomendação de que as pessoas permaneçam em casa, o que impossibilita a rescisão de contratos e devolução de imóveis.

Dessa forma, o CEO da SiiLa Brasil destaca que, justamente por isso, os índices ainda não sofreram os impactos da pandemia. 

“As empresas estão sofrendo, sim, financeiramente, e devem fechar e/ou demitir seus funcionários futuramente. No entanto, os números ainda são positivos, pois não refletem os impactos da COVID-19, principalmente porque ainda estamos vivendo a pandemia, e os profissionais ainda não tiveram acesso aos seus imóveis para cancelar contratos ou tomar decisões a respeito."

E, também, acrescenta, "porque vínhamos em uma crescente, na qual tínhamos o aquecimento da economia, empresas se expandindo e contratando pessoas, e taxas de desemprego caindo”. 

Nicastro elucida, ainda, que, do ponto de vista das interferências da pandemia no setor de imóveis comerciais, o que dificulta a rescisão de contratos e a consequente elevação na taxa de vacância são as burocracias envolvidas na devolução do imóvel.

Segundo o CEO, além de encerrar o contrato, o contratante precisa seguir algumas instruções, normalmente já pré-estabelecidas em documento. 

“Para se devolver um escritório, a pessoa precisa, no mínimo, ir até o imóvel para retirar as coisas e pintar o local, e durante a pandemia não tinha como fazer isso, não tinha como ir lá para retirar as coisas ou falar com o proprietário para rescindir o contrato, porque tem uma série de coisas que precisam ser feitas antes de devolver o escritório. Durante a pandemia, isso foi proibido. Por isso que os números ainda não refletem”, explica. 

Pós-pandemia 


Nicastro afirma que, após a pandemia, há uma tendência de que a interferência da crise financeira seja sentida. Isso porque a projeção é de que haja um declínio da economia, o que tende a propiciar o fechamento de imóveis, bem como o aumento do desemprego.  

“Quanto ao cenário macroeconômico, é muito difícil ser otimista em relação às ocupações dos escritórios, porque as empresas têm sofrido neste cenário, estão fechando e demitindo, e, por isso, a gente prevê um aumento da taxa de vacância no âmbito dos escritórios de Belo Horizonte, bem como no Brasil como um todo”, diz. 

No entanto, segundo o CEO, essa taxa pode não cair de forma abrupta, já que todo o processo de saída de um imóvel comercial pode demorar meses. “Dependendo da complexidade do contrato e do espaço como um todo, isso pode levar mais de três meses, e ainda precisar de um advogado. A evacuação não se dá da noite para o dia.” 

Outra consequência capaz de afetar o setor no pós-pandemia diz respeito ao home office, visto que, considerando o cenário atual, este modelo foi bem adotado e pode gerar interferências no formato trabalhista, influenciando também no mercado imobiliário comercial destinado aos escritórios. Porém, Nicastro pondera ser necessário cautela

“Este tipo de serviço ainda não é regulamentado e digo isso juridicamente. E tem alguns problemas. Por exemplo, os funcionários podem requerer o pagamento pelo uso de internet e telefone, o que, inclusive, já aconteceu no Brasil. E isso mostra a fragilidade do modelo. Hoje não se tem muitas adversidades pois, de certa forma, as recomendações de segurança, durante a pandemia, resguardam o modelo de trabalho remoto. Mas, a partir do momento que se tem o fim da pandemia, as leis voltam a valer como eram.” 

Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA Brasil - SiiLA Brasil/Divulgação Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA Brasil
 
Ainda, de acordo com o CEO, é preciso avaliar questões como produtividade e funcionamento do home office antes de aplicar totalmente o modelo, o que pode não acontecer, já que muitas empresas querem reduzir custos. Mas ressalta que adaptações podem ser feitas a fim de manter o imóvel, sem gastos mais elevados, e também o trabalho bem feito pelo profissional. 

“Há muitos problemas no home office, como pessoas deprimidas por não poderem sair de casa e aumento de doenças. Então, tem um lado ruim. É algo muito novo para o mercado brasileiro, e a gente acredita que vai ter uma adaptação, como as pessoas trabalhando de forma rotacionada no dia a dia, o que pode contribuir para que os escritórios sejam menores, por exemplo”, opina. 
 

Condomínios logísticos

 

Em meio à pandemia, e mesmo com os índices ainda não refletindo o cenário de crise financeira atual, Nicastro destaca que o mercado do setor logístico se aqueceu e deve manter os resultados positivos. Isso porque os condomínios logísticos são destinados a armazenagem e distribuição de cargas, ramo impulsionado pelo e-commerce

“Este é um setor que está com uma demanda grande e aumentando cada vez mais. Pessoas que não tinham o hábito da compra on-line tiveram que experimentar esses modelos. E este é um formato que vem crescendo e, neste período, correspondeu muito bem e delineou sua importância. E deve continuar assim”, destaca. 

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram

Tags: mercado imobiliário comercial taxa de vacância novo coronavírus condomínios logísticos compra online escritórios vacância pandemia covid-19 pós-pandemia e-commerce

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