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Liberdade em iluminação

Designer cria abajures, arandelas, luminárias e lustres personalizados

Assim como em coleções de alta-costura, Rita Valladares concebe peças de puro requinte para iluminação. Diferencial é a produção feita à mão com matéria-prima sofisticada

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postado em 03/06/2013 14:33 Laura Valente /Estado de Minas
Marcos Vieira/EM/D.A Press

Uma boa ideia, e o mercado de iluminação decorativa ganharia um representante de peso. Tudo começou há11 anos, quando a adolescente Rita Valladares acompanhou a mãe, Elizabeth Valladares, a uma viagem a Paris. Lá, ficou fascinada por um item que chamava a atenção na decoração de espaços: abajures com cúpula de tecido, algo incomum por aqui. Não pensou duas vezes: a partir daquela inspiração, recheou a mala com algumas fazendas sofisticadas assinadas por ícones fashion como Lacroix, Ungaro e Valentino. Chegando à terra natal, desenvolveu as primeiras peças. O segundo passo veio logo em seguida, quando alugou uma pequena sala na Avenida Raja Gabaglia para comercializar a produção e matriculou-se em um curso de desenho artístico. Surgia ali uma grife, a Scatto Lampadário, empresa que se tornou referência em iluminação decorativa não só em plagas mineiras como também em São Paulo (cidade que sedia a segunda loja da marca) e no exterior. “Temos muitos hotéis como clientes”, destaca Rita, além de celebridades, empresas de moda e cosméticos, edifícios e mais uma leva de particulares “interessados em decorar espaços com peças especiais de iluminação, diferenciadas”, como ela caracteriza o público-alvo da grife.


Absolutamente, todos os modelos são talhados a partir de matérias-primas sofisticadas, como aço inox, cristais e pérolas da República Tcheca, madrepérolas, lâminas de chifre, correntes, resina, acrílico e fios de seda, entre outros. Nas três fábricas da Scatto em Belo Horizonte (localizadas nos bairros Anchieta, Barro Preto e Santo Agostinho), todos os profissionais contratados têm envolvimento direto com a artesania, já que montam todas as peças em um processo singular de produção, com encaixes, amarrações, torções feitas à mão. Assim, o portfólio permite encomendas especiais, com cores e formas únicas. “Descobri um nicho, um mercado carente desse tipo de produto. Aqui, o arquiteto tem liberdade total.”

Sozinha, Rita desenha modelos novos todas as semanas e fabrica apenas cerca de 20 peças de cada. Também desenvolve produtos de acordo com a demanda dos clientes, em projetos personalizados, exclusivos, únicos. “Acabamos de entregar uma luminária com 15 metros x 7,5 metros, para ficar no hall de um edifício em São Paulo.” Comum também é a parceria com designers de joias, a exemplo de Sílvia Furmanovich, com luminária inspirada em um modelo de anel, o porco espinho, e o joalheiro Ara Vartanian, que criou os modelos diamante. “Um hábito é pesquisar em livros e feiras de joias. A única feira de iluminação da qual participamos é a Light Building , na Alemanha.”

Conceito boutique
Divulgação/Scatto

Na loja de Lourdes, onde marca presença pelo menos uma vez a cada 15 dias, já que atualmente reside em SP, Rita comenta que o preço de uma peça Scatto nunca foi ou será competitivo, já que a fábrica jamais quis trabalhar com atacado, em produção industrial. A afirmação não só faz sentido, como está longe de afastar clientes. Quem procura um projeto assinado pela designer e empresária sabe que está em uma boutique de iluminação, assim como quem procura um modelo de alta-costura em uma maison parisiense. “Desde o início quis fazer projetos atemporais e de extrema qualidade. Aqui, o
Marcos Vieira/EM/D.A Press
cliente não volta para reparar uma peça”, mérito da excelência de qualidade em matéria-prima e produção. Cada modelo, pequeno ou grandioso, é trabalhado como uma obra de arte, como ela define. “Quando uma pessoa investe o tempo na produção manual de algo, aquilo ganha status de obra e arte”, enfatiza.

Lá, em companhia de funcionárias que estão com ela desde a fundação da Scatto, lembra que chegou aonde está por mérito do trabalho, do próprio esforço. “Comecei o negócio com R$ 5 mil, sem patrocínio de ninguém. Da avenida Raja Gabaglia aluguei uma pequena garagem no Bairro de Lourdes e fui crescendo justo por oferecer projetos exclusivos, únicos. Chamei a atenção de revendedores de outros estados. Em São Paulo, por exemplo, lojas como a Firma Casa e a Wall Lamps foram fundamentais para divulgar a Scatto.”

Atualmente, poucas lojas representam a fábrica mineira, apenas aquelas que têm um espaço exclusivo para a exposição da coleção, já que Rita faz questão de manter o mesmo leiaute das lojas próprias em qualquer ponto comercial. No entanto, as peças “estão em cartaz” em três das mostras de decoração mais badaladas do país, as duas edições da Artefacto (na Haddock Lobo e no shopping D&D), e também na Mostra Black, realizada a partir de terça-feira na WTorre Plaza, anexa ao Shopping JK Iguatemi. Ao todo, mais de 100 peças decoram os espaços. “Vendo muito bem aqui e lá, mas os paulistas tendem a ser mais ousados que os mineiros”. A Scatto também exporta para Angola, na África; e Nova York e Miami, nos EUA.

Relação com a moda

De SP, Rita toca a empresa sozinha e conta que a fábrica é sua maior paixão. Ex-modelo (já desfilou para a Shopper) e mãe de uma moça de 19 anos, ela comenta que a mulher mineira é muito ligada à moda. Ela própria não escapou à tradição. Tanto que a história toda da Scatto começou com tecidos assinados. Depois, vieram clientes como lojas de cosméticos, roupas e acessórios, hotéis, boates. Na lista de clientes estão a Mares, O Boticário, Richards e outras. Entre as celebridades, as atrizes Marieta Severo e Carolina Dieckmann, além das popstars Mariah Carey e Shakira.

Divulgação/Scatto
Entre as inúmeras peças já produzidas, a designer não aponta uma preferida, mas fala com carinho da luminária Farfalla (em formato de borboleta), um dos hits da fábrica. Por falar em design da natureza, a loja desenvolve alguns projetos sociais em parceria com entidades como o Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade (a luminária sapo), e a coleção de luminárias infantis Bambino para o programa Brinquedoteca Móvel do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas).

Sobre a última década do mercado de decoração, Rita acredita em mudanças de padrões. “As pessoas estão se libertando de referências como Milão. Hoje, existe um estímulo maior para a criatividade, para a personalização de ambientes, há mais espaço para a ousadia.”

Firme, ela afirma só contratar pessoas que têm talento e lembra que depois da China e das cópias, chique mesmo é o feito a mão. Orgulho dos pais e feliz consigo por ter criado uma empresa referência, ela conta que o melhor de tudo é ter alcançado a liberdade. “Vivo do meu trabalho, moro onde quero, faço o que gosto”, enfatiza. Entre os próximos projetos, um sonho prestes a se realizar. “Quero abrir uma Scatto em NY no ano que vem”. Know-how ela tem de sobra.

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