A consultora de investimento Renata Paculdino diz que paga o aluguel com a rentabilidade do dinheiro que está aplicado
De acordo com Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), os brasileiros que pagam aluguel comprometem suas finanças em quase o dobro do que aqueles que financiam imóveis. Apesar do levantamento, não é bem isso que se vê, pelo menos na capital mineira. É preciso considerar algumas variáveis antes de entrar em um financiamento para não comprometer a renda familiar além de suas possibilidades.
Segundo os mais recentes levantamentos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis (Ipead/UFMG), o aluguel de um apartamento de padrão médio - cuja renda média do chefe da família fica entre cinco e oito salários mínimos e meio - está em torno de R$ 735. Para aquisição, imóvel semelhante sai por, no mínimo, R$ 236.327. Para financiar esse valor em 30 anos, conforme simulação realizada em sites de bancos que oferecem financiamento habitacional, uma família que tenha renda mensal de R$ 4.500, e tenha R$ 50 mil para dar de entrada, começará a pagar uma prestação de R$ 1.374,93, considerando que o participante mais velho tenha 40 anos. A simulação foi feita pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), em que o valor das prestações é decrescente.
No entanto, de acordo com a pesquisa do Ipea, divulgada no início do ano, sai mais barato financiar um imóvel do que pagar um aluguel. Isso porque, pelo estudo, 12% da renda familiar é destinada para o aluguel e 7% vai para a casa própria. Em favor da aquisição, o estudo também aponta que o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) oferece uma proteção maior contra a especulação imobiliária, enquanto os aluguéis são revistos pelo valor do mercado a cada 30 meses.
A explicação dada pelo presidente da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), Lúcio Delfino, para essa distorção, é que o estudo feito pelo Ipea se aplica a contratos de financiamento mais antigos, firmados antes da valorização imobiliária que ocorreu em todo o país. "Quem vai adquirir um imóvel hoje, principalmente se o valor está bem acima de R$ 130 mil, provavelmente terá uma prestação que chega ao dobro do valor do aluguel, dependendo do valor do percentual financiado e do prazo de financiamento", comenta.
Apesar disso, o advogado da ABMH, Leandro Pacífico, fala que a pesquisa do Ipea é importante por tratar a questão como de fato deve ser analisada, ou seja, do ponto de vista financeiro. "Contudo, são necessários alguns apontamentos, pois pesquisas analisam o geral e, nem sempre, servem para descrever a situação de cada imóvel individualmente."
Ele reconhece que, popularmente, as pessoas são contrárias ao aluguel por acharem que é um desperdício de dinheiro. "Entretanto, tudo deve ser analisado de forma matemática, por assim dizer. Da mesma forma que o aluguel é um dinheiro jogado fora, o pagamento de juros também o é", alerta.
RENTABILIDADE
A consultora de investimento Renata Ribeiro Paculdino Ferreira considerou todos os cenários que envolvem a compra e o aluguel de um imóvel. E justifica sua opção pelo aluguel. "Primeiro, porque eu não tenho dinheiro para comprar a casa própria à vista. A segunda coisa é que tenho dinheiro aplicado no banco e, com a rentabilidade, posso pagar o aluguel, que ainda tem um valor bem barato. Com isso, meu dinheiro não fica imobilizado", justifica.
Há sete anos morando de aluguel, a consultora ainda vê outro benefício na opção que fez. "Se eu me cansar de morar em algum lugar, posso variar as opções, não preciso ficar presa a nenhum imóvel."
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