Atentos às metas da prefeitura para 2030, empreendimentos adotam medidas práticas para reduzir 20% de todas as emissões no meio ambiente. Novo selo ambiental da prefeitura acaba de ser lançado
Edifício sede da Cemig, na Avenida Barbacena, em BH, um dos muitos construídos na capital mineira dentro do conceito de sustentabilidade
Está em vigor desde junho, na capital, o selo BH Sustentável, concedido pela prefeitura. Ele certifica as construções, novas ou antigas, que se adequarem à sustentabilidade, diminuindo custos e ajudando o meio ambiente por meio de ações que reduzam o consumo de energia, água ou poluentes. Doze empreendimentos, entre eles três hotéis e três prédios comerciais, já receberam o selo, segundo o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Weber Coutinho. Desses 12, três eram novos empreendimentos e nove foram adaptados, sendo que alguns fizeram reformas e outros já dispunham dos equipamentos exigidos.
A certificação de sustentabilidade ambiental para empreendimentos foi instituída pela PBH em 2011. O objetivo é desenvolver uma política de incentivo aos empreendedores que trabalharem com a redução de consumo de água, energia e resíduos sólidos e da emissão de gases do efeito estufa, contribuindo para atingir a meta estipulada no planejamento da prefeitura para o ano de 2030, de redução de 20% de todas as emissões.
Segundo Coutinho, foram criados três critérios e parâmetros para receber o selo de sustentabilidade: se o empreendedor trabalhar com uma só dimensão – consumo de água, por exemplo –, ele é bronze; se forem duas dimensões, ele é prata; e se forem três – resíduos, energia, água – ou mais, o empreendedor é ouro. Para tanto, o empreendimento tem que atingir determinados índices, pois é uma certificação de performance, que induz a construção sustentável no município. No caso de energia, é preciso uma redução de 25% em relação ao gasto de um edifício convencional.
“Um prédio tem lâmpadas incandescentes, fluorescentes e de troika (que aquece o ambiente e tem alto consumo). Se o empreendedor conseguir fazer uma readaptação do prédio, com o objetivo de reduzir em 20% o consumo de energia – com a colocação de lâmpadas de LED ou de alta eficiência fluorescente –, receberá a certificação bronze.”
DESCARGA
Em relação à água, tem que haver redução de 30% no consumo do prédio convencional, em que os banheiros têm descargas normais e as torneiras não têm sensores. “Se forem colocados vasos com caixa acoplada com fluxos de três e seis litros, pode-se economizar até 50% em relação à descarga convencional, que chega a gastar de 10 a 12 litros por fluxo. Uma torneira reduz 50% do gasto de água quando utiliza o sensor”, ressalta Coutinho. Em relação a resíduos sólidos, é preciso ter estrutura na edificação para coleta seletiva de 70% desses resíduos e comprovar a reciclagem.
Segundo o gerente, com esse conjunto espera-se a instituição de política pública em BH para que se introduza definitivamente a construção sustentável na cidade. O grande diferencial sobre as demais certificações de sustentabilidade é que o BH Sustentável fará acompanhamento ao longo da vida do empreendimento. A cada dois anos, uma auditoria internacional de conformidade será feita para conferir se os resultados obtidos na época da certificação estão sendo mantidos.
Qualidade urbana
Em um pouco mais de dois anos, desde o lançamento, em 2010, o Processo Aqua (Alta Qualidade Ambiental) – certificação internacional da habitação sustentável, desenvolvido e adaptado à cultura, clima, normas técnicas e regulamentação brasileiros pela Fundação Vanzolini – para edifícios habitacionais cresceu e agora conta com um portfólio de 27 prédios, incluindo um conjunto de 80 casas para a faixa de renda de três a 10 salários mínimos. Em 2010 e 2011 , foram três empreendimentos por ano e, este ano, o número saltou para 11 lançamentos.
Ações certificadas Para atender a exigências dos hóspedes, cada vez mais conscientes sobre a proteção ao meio ambiente, hotéis se adequam à sustentabilidade
"O custo adicional de implantação dos dispositivos é compensado com o retorno do investimento" - Weber Coutinho, gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
Agraciado com o selo ouro do BH Sustentável, o Quality Hotel Afonso Pena agregou ao seu projeto medidas que reduzem o consumo de energia e água e direciona os resíduos para reciclagem ou reaproveitamento. Segundo o gerente geral do hotel, José Natalino Dias, desde 2007, quando assumiu a direção do empreendimento hoteleiro, vem dando prioridade à preocupação ambiental com atitudes voltadas para a sustentabilidade.
Entre as medidas práticas que levaram à certificação estão sensor de presença nas áreas públicas que geram economia considerável de energia; caixa acoplada nas bacias sanitárias com acionamento duplo; aerador em todas as torneiras das áreas públicas e apartamentos; coleta seletiva de lixo; armazenamento e destinação adequada do lixo orgânico; descarte de lâmpadas, pilhas e similares feitos com empresas credenciadas, sem agressão ao meio ambiente; troca de calor da água quente por meio dos chillers (produzem água gelada); lâmpadas eletrônicas compactas e elevadores “inteligentes” que reduzem o consumo de energia.
Segundo Natalino, algumas das medidas relacionadas à construção já nasceram com a própria edificação e outras, como a coleta seletiva e os descartes responsáveis, foram implantados pela direção do empreendimento por meio de programas internos de conscientização em relação à importância da sustentabilidade.
DIFERENCIAL
Para o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais, Breno de Assis, os prédios sustentáveis serão o grande diferencial no futuro, principalmente no setor hoteleiro, onde os hóspedes, cada vez mais conscientes sobre a proteção ao meio ambiente, deverão observar essas ações na hora de escolher o hotel.
Para o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Weber Coutinho, o custo adicional de implantação dos dispositivos é compensado com o retorno do investimento, que é calculado conforme os custos operacionais. “Isso é viável e tem redução no custo do condomínio. Trabalhar com sustentabilidade se traduz em ganho para todos, inclusive o meio ambiente. São três os pilares de viabilidade: técnica, econômica e ambiental.”
Para conquistar a certificação
» O solicitante deverá informar os dados do responsável e o empreendimento a ser certificado. Por telefone, na Central de Atendimento Telefônico PBH: 156; presencialmente: BH Resolve – Av. Santos Dumont, 363, Centro – de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
» A Secretaria Municipal de Meio Ambiente disponibilizará uma senha de acesso ao sistema de avaliação de sustentabilidade ambiental por e-mail, pela qual o solicitante poderá acompanhar todo o processo.
Comentários
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valmir
- 13 de Outubro às 14:53
que bom que ao menos os prédios são "inteligentes"...já é um começo