Vale mais que a poupança

Cresce investimento em hotéis em BH com foco nos próximos eventos esportivos internacionais

Mercado analisa ganhos do setor hoteleiro com a Copa das Confederações e o Mundial'2014 para atender demanda esportiva e futuros eventos. Rentabilidade mensal pode chegar a 0,8%

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postado em 27/12/2012 13:31 Lilian Monteiro /Estado de Minas
Perspectiva do quarto do Hotel San Diego Express Palmares, que está sendo construído de olho na Copa das Confederações: um dos primeiros empreendimentos em BH com certificação ambiental  - San Diego/Divulgação Perspectiva do quarto do Hotel San Diego Express Palmares, que está sendo construído de olho na Copa das Confederações: um dos primeiros empreendimentos em BH com certificação ambiental

A Lei 9.952, de 5 de julho de 2010, instituiu a operação urbana de estímulo ao desenvolvimento da infraestrutura de saúde, turismo cultural e de negócios visando atender as necessidades atuais e as demandas da Copa de 2014. Estimulados pela norma municipal e certos de que haverá equilíbrio entre demanda e oferta, pelo menos é o que os investidores esperam, com alguns mais otimistas que outros, Belo Horizonte se transformou num canteiro de obras não só nas vias, mas em diversos tipos de construções, que pipocam por toda a cidade. O setor de hotelaria, em particular, abraçou a perspectiva de bons negócios e a estimativa é de que 30 novos hotéis (falou-se até em 50) sejam lançados para atender, em princípio, a Copa das Confederações em 2013 e o Mundial de 2014. A melhor notícia é que a rentabilidade mensal está prevista para 0,8%, mais que a caderneta de poupança (0,5%). A taxa média de ocupação estimada é de 74%. Isso com valor médio da diária na capital de R$ 254, enquanto em São Paulo é de R$ 294.


Érica Drumond, CEO da Vert Hotéis, destaca que nenhuma capital adotou o posicionamento de Belo Horizonte, que “mais que dobrou o coeficiente construtivo para hotelaria”. A dúvida é se o mercado vai absorver tamanha oferta. “Não se constrói hotel para um evento, mas conforme a demanda da cidade. O mercado não vai desaparecer depois da Copa. Então, precisamos que o setor público nos conceda estrutura para dar conta do estímulo criado. Ou seja, o Centro de Convenção e a expansão do Expominas, por exemplo, precisam ocorrer.”

Para ter os hotéis do grupo com ocupação satisfatória, Érica conta que a empresa procurou construir produtos diferentes, em localidades distintas, para se manter. “Tentamos não explorar demanda, mas gerar a nossa demanda para Belo Horizonte.” O Ramada Encore Minascasa é um modelo econômico e ótima opção de eventos por estar em frente ao futuro Centro de Convenções. O E-suítes Sion consegue beneficiar aquele cliente de longa permanência, ou seja, o divorciado que precisa de um canto até estruturar a vida novamente, um casal de idosos, conhecido como casal sem ninho, e o executivo que está na cidade desenvolvendo um projeto de 30, 60 dias. O E-suíte Luxemburgo se destaca por ter estrutura para eventos, além de ser para longa permanência e com duas torres com mix de lojas. O Ramada Encore Luxemburgo aposta no segmento econômico. E o E-suíte Ravena, a pouco mais de 20 quilômetros da capital, é um hotel isolado, com muita vegetação, próprio para passar o fim de semana e com acomodação e espaço adequados para delegações da Copa do Mundo.

Para tudo dar certo, Érica avisa: “O legado só fica se tivermos capacidade para captar eventos posteriores. Precisamos da imagem da Copa como portão de entrada do estado para o turismo de lazer”. Apesar da insegurança quanto ao futuro, ela se diz “otimista com nossos projetos porque são produtos diferentes para cada localização e não dividimos nossas cestas. Vamos buscar eventos para os hotéis por meio do programa de fidelidade para termos preferência do mercado na capital. Agora, é preciso que se trabalhe Belo Horizonte como o destino de melhor logística da Copa. O Mundial precisa ser respaldado em atrativos turísticos da cidade e temos três maravilhas do Brasil: Congonhas (obra de Aleijadinho), Inhotim e Ouro Preto. Ninguém tem. Soma-se a isso a rica culinária mineira”. Outro ponto importante ressaltado por Érica é o fato “de a hotelaria mexer com mais de 50 áreas da economia. Lidamos com táxi, combustível, maquinário, alimento, bebida, comércio, indústria têxtil e moveleira e mercado de flores. Buscamos consumidor para essa cadeia”.

Na medida exata
Crescimento de Belo Horizonte e realização de grandes eventos direcionam as apostas da construção civil para investimentos em hotéis. Setor não acredita em superoferta

Edifício a ser construído na Região Sul de Belo Horizonte, o E-suítes Sion consegue hospedar clientes de longa permanência - Vert Hotéis/Divulgação Edifício a ser construído na Região Sul de Belo Horizonte, o E-suítes Sion consegue hospedar clientes de longa permanência
O vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Lucas Guerra Martins, acredita que não existe superoferta de hotéis em Belo Horizonte. Ele enfatiza que, além de a demanda crescer, “o que se tem de novos hotéis é para recompor a oferta em padrões normais”. E que é normal ter dias da semana com 100% da capacidade de ocupação (no caso de BH, de terça a quinta-feira) e queda nos demais.

ucas Martins não acredita no temor da oferta excessiva por parte do mercado: “Será mantido o crescimento da demanda. Claro, vamos ter uma regulação. Há uma transformação na hotelaria e grandes redes que estavam no mercado e não acompanharam as mudanças, paradas no tempo, vão sentir e perder espaço. O mercado exige modernização do negócio e há pressão de cadeias internacionais. Há grandes projetos por sair, além do crescimento natural da economia e da necessidade da hotelaria”. Ele chama a atenção para o fato de que os “últimos grandes hotéis da capital foram construídos há aproximadamente 12 anos e o mercado parou”. E alerta sobre análises erradas, quando “comparam Hotel F-1 com quatro estrelas”.

A perdurar a taxa de ocupação, Lucas Martins confirma a rentabilidade mensal prevista em 0,8%, mais que o rendimento da poupança (0,5%). “Quando você aplica dinheiro no banco ele rende 7%. Com o desconto da inflação de 5%, na verdade, o ganho foi de 2%. O hotel é um ativo que tende a se valorizar ao longo do tempo. É bom investimento pelo valor ativo e rendimento.”

Rodrigo Mangerotti, superintendente da administradora Arco, destaca o lançamento do San Diego Express Palmares, o primeiro da empresa com bandeira econômica, que tem seis hotéis em funcionamento e seis em construção. Ele conta que, dos quatro selecionados pela Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) em Minas para atender nas copas das Confederações’2013 e do Mundo’2014, três são do grupo: San Diego Suítes Lourdes BH, San Diego Suítes Ipatinga e San Diego Suítes Uberlândia.

ESFORÇO

"Além de ter localização estratégica, próximo à Linha Verde e aos aeroportos da Pampulha e de Confins, é uma região cercada de grandes empresas" - Rodrigo Mangerotti, superintendente da administradora Arco, sobre o San Diego Palmares
Mas toda a atenção está voltada para a entrega do San Diego Express Palmares, que deve ocorrer em fevereiro de 2014 (talvez se antecipe para fim de 2013). Hotel econômico, executivo por excelência e com a melhor relação custo-benefício. Empreendimento que vai gerar cerca de 150 empregos diretos. “Além de ter localização estratégica, próximo à Linha Verde e a quatro quilômetros do aeroporto da Pampulha e a 32 quilômetros de Confins, é uma região cercada de grandes empresas e com o acesso rápido aos estádios do Mineirão e Independência. E o San Diego será o primeiro hotel inaugurado com certificação ambiental (empreendimento em fase de aprovação junto ao Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina, organismo de inspeção designado pelo Inmetro para emissão do selo Procel Edifica). Com gestão eficiente da energia (desde a estrutura construtiva até o final) e de resíduos, reaproveitamento da água de chuva, captação solar e reciclagem”, diz Mangerotti. “As unidades hoteleiras podem ser adquiridas a partir de R$ 237 mil e a rentabilidade mensal está prevista em 0,8%”, reforça Cláudio Resende, diretor da Angra.

Quanto à insegurança da superoferta, Rodrigo Mangerotti é otimista. “Pode ocorrer em determinadas regiões, como a Savassi, que ganha 1.500 quartos, mas na Nordeste, onde vai estar o San Diego Express Palmares, não soma 600. Temos a descentralização da oferta hoteleira para a região que será agraciada com outros atributos, como o futuro Centro de Convenções e novas vias.” Outro ponto positivo do investimento é “que entendemos que a comunidade local é carente de gastronomia interessante e nosso restaurante é público e com bandeira internacional”. Para o futuro, ele prevê Belo Horizonte como centro de captação de grandes, pequenos e médios eventos. “A ideia é ser como Viena, na Áustria, que é líder do ranking International Congress and Convention Association (ICCA) como centro de eventos de médios e pequenos portes que colaboram com a cadeia produtiva privada. O momento é de esforço multidisciplinar.”

Pronta para os eventos

Projeção para 2013 e 2014

» Atualmente, existem na capital 110 meios de hospedagem, com 9.150 quartos e 18.321 leitos. Se incluir a região metropolitana num raio até 100 quilômetros, o número passa para um total de 417 meios de hospedagem, com 15.868 quartos e 32.084 leitos.

» Para atender a demanda dos dois grandes eventos esportivos, está em construção 52 hotéis, que totalizam 8.509 quartos e 16.038 leitos. Desses, 40% de categoria quatro ou cinco estrelas (21 empreendimentos).

» Contabilizando os 27 hotéis em construção da região metropolitana até o raio de 100 quilômetros, serão disponibilizados 3.749 quartos e 6.987 leitos, até 2014.

» Para a Copa das Confederações em 2013, Belo Horizonte terá oito hotéis em funcionamento, totalizando 1.608 quartos e 3.184 leitos na capital, sendo um de categoria cinco estrelas, dois de quatro, quatro de três estrelas e um de uma estrela.

» O número final é de 28.116 quartos e 55.109 leitos projetados para 2014 (soma dos leitos atuais de BH e da RMBH num raio de 100 quilômetros somados aos leitos em construção tanto em BH quanto os leitos previstos para a RMBH).

Fonte: Relatório integrado do Comitê Executivo Municipal das Copas-PBH e Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa-MG), com dados tabulados a partir das informações do Geal, da Regulação Urbana, da Belotur, da Abih/MG e das visitas aos locais das obras dos novos hotéis de BH
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