É luxo só!

Construtoras começam a ver vantagens em investir em imóveis de alto padrão fora da Zona Sul de BH

Os prédios têm detalhes de alumínio, granito e vidro, com até três vagas na garagem em bairros como Cidade Nova, Ouro Preto e Liberdade. O preço da unidade pode chegar a R$ 900 mil

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

- AMIGO + AMIGOS
Preencha todos os campos.
postado em 07/02/2013 10:01 Celina Aquino /Estado de Minas
Com a saturação de terrenos na Zona Sul de BH, a tendência é que a região metropolitana também atraia cada vez mais a atenção das incorporadoras. Na foto, condomínio de luxo em Nova Lima  - Eduardo Almeida/RA Studio Com a saturação de terrenos na Zona Sul de BH, a tendência é que a região metropolitana também atraia cada vez mais a atenção das incorporadoras. Na foto, condomínio de luxo em Nova Lima

Já são três décadas vivendo no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste de Belo Horizonte. O comerciante Dirceu Cecílio dos Santos, de 62 anos, poderia muito bem morar em uma área ainda mais valorizada da capital, mas preferiu investir em conforto para a família no lugar que escolheu para morar. E o mercado não decepcionou. As construtoras começam a enxergar a vantagem de erguer empreendimentos de alto padrão fora da Zona Sul. Santos, por exemplo, comprou seis unidades – metade como investimento – e nunca teve dificuldade para vender. “Na Zona Sul pagaria o dobro, então não justifica”, defende. Satisfeito com o padrão de vida que alcançou onde construiu sua história, o comerciante não pretende mudar-se.

Na visão da diretora da Céu-Lar Netimóveis, Daniela Magalhães, esse é um nicho de mercado cada vez mais atraente, pois os belo-horizontinos são bairristas. Assim, com o aumento da oferta, o consumidor que buscaria uma opção diferenciada na Zona Sul não vai precisar mais migrar para outra região. “As construtoras agora podem atender as pessoas que têm condição patrimonial de morar em um imóvel de alto luxo sem sair de onde gostam, conhecem e sentem-se verdadeiramente em casa”, destaca. Daniela observa que essa demanda tende a crescer, apesar de ainda ser pouco explorada.

A preocupação em oferecer ao cliente um imóvel de qualidade fez a família que comanda há 18 anos a Construtora Jari se destacar no segmento de alto padrão além dos limites da Avenida do Contorno. “Construímos como se fosse para morar, por isso cuidamos dos mínimos detalhes, sempre de olho nas novidades”, esclarece um dos sócios, o advogado Rodrigo Coelho Ferreira. As unidades, de 100 metros quadrados e quatro quartos, contam com dependência de empregada, janelas com esquadria de alumínio, teto rebaixado com gesso, aquecimento solar, sistemas de água e gás individualizados, descarga com acionamento duplo e fechadura cromada. Todas são entregues com armário em dois quartos.

A prova de que os empreendimentos agradam em cheio aos belo-horizontinos está na rapidez da venda, que só começa depois que o prédio está pronto. “Ainda nem colocamos à venda e tem gente que bate à porta, durante a obra, querendo comprar”, conta Ferreira. A Construtora Jari leva de seis a 10 meses para vender todos os apartamentos. A maioria dos clientes, diz o advogado, são funcionários públicos com renda acima de R$ 15 mil. Muitos voltam anos depois para comprar para os filhos. “Quem mora na região, quando melhora de vida, não quer sair daqui.”

O imóvel da Construtora Jari, que nos bairros Cidade Nova, União, Palmares, Sagrada Família e Floresta custam R$ 520 mil, valeriam pelo menos R$ 800 mil na Zona Sul, mas os sócios não pensam em investir na área mais valorizada da capital. “Conhecemos bem o mercado da região e gostamos de estar mais perto da obra. Aqui não tem como errar”, pontua o engenheiro civil Jayme Moreira Ferreira Júnior.

O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-Minas), Paulo Tavares, avalia que a oferta de empreendimentos de luxo fora da Região Centro-Sul tem aumentado por causa da falta de espaço na área tradicionalmente mais cara. Como o que define o valor do apartamento é o preço do terreno, as unidades na Zona Sul valem mais, mas Tavares observa que é possível encontrar unidades em outras localidades com valor bem próximo. Para comprar um apartamento de luxo no Sagrada Família, por exemplo, não dá para desembolsar menos de R$ 700 mil.

Os apartamentos da Construtora Santiago Ferreira, todos no Bairro Caiçara, Região Noroeste de BH, são vendidos a R$ 900 mil. Com quatro quartos, sendo duas suítes, as unidades têm varanda, pisos de granito, lavabo, armário em todos os quartos, área de lazer completa e quatro vagas de garagem. Apesar de ter se tornado referência de acabamento diferenciado na região, a empresa planeja com cautela os lançamentos. “Não é toda hora que você vai ter cliente para comprar apartamento a esse preço, por isso não pode colocar muitos à venda. Tem que saber para onde o bairro vai”, ressalta José Eduardo Ferreira, sócio da construtora. A estratégia, então, é também oferecer aos clientes unidades menores.
O comerciante Dirceu Cecílio preferiu um apartamento de alto padrão no Bairro Cidade Nova   - Beto Magalhães/EM/D.A Press O comerciante Dirceu Cecílio preferiu um apartamento de alto padrão no Bairro Cidade Nova

A Construtora Santiago Ferreira começou erguendo apartamentos de três quartos, há 25 anos, mas o sócio relembra que logo enxergou a demanda de moradores com alto poder aquisitivo que não queriam deixar o Caiçara. O primeiro empreendimento foi vendido em 40 dias, o que motivou Ferreira a investir de vez nesse segmento. “Fomos melhorando o bairro para o cliente não sair daqui. Isso leva os outros construtores a fazer melhor também”, comenta. Mesmo em época de crise, nunca houve demora para a venda. Aliás, duas unidades do prédio que será lançado no meio do ano já têm dono.

Mais perto de casa
Para dar um upgrade no estilo de morar não é mais preciso abandonar raízes e antigos amigos. Basta escolher imóveis de alto padrão que as construtoras oferecem fora da Zona Sul

O crescimento de Belo Horizonte em direção ao Vetor Norte não influencia apenas o interesse de antigos moradores por empreendimentos de luxo fora da Zona Sul. Apartamentos de alto padrão passaram a atrair também belo-horizontinos que querem morar com conforto o mais próximo possível do trabalho, principalmente para ficar livres do trânsito. “O Vetor Norte passou a ser a bola da vez”, garante o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-Minas), Paulo Tavares, que contabiliza 35 mil clientes em potencial na Cidade Administrativa.

Empresas que já haviam apostado as fichas longe da Zona Sul, como a Construtora Fernandes Pimentel, só têm a ganhar. “Com a vinda de mais investimentos, a gente começa a atrair outro tipo de cliente. São pessoas da Zona Sul que olham para a Região da Pampulha de forma diferente em função de qualidade de vida”, analisa o engenheiro civil Marcelo Pimentel, com 17 anos de mercado. Com apartamentos de quatro quartos nos bairros Ouro Preto, São José e Liberdade, a empresa oferece área de lazer completa, três vagas de garagem (um dos itens mais requisitados) e dependência de empregada. O cliente tem a possibilidade de alterar a planta durante a obra. Além disso, o proprietário ressalta, os prédios são totalmente revestidos, com detalhes em alumínio, vidro e granito. O valor de uma unidade pode chegar a R$ 900 mil.

Pimentel revela que este ano vai levar a experiência de construir imóveis de alto padrão para a Zona Sul. “Demorou porque não queria abrir mão de boa localização e isso está cada vez mais difícil lá, mas os dados de mercado apontam uma velocidade de venda maior”, explica. Um prédio no Bairro Serra será lançado este mês e um no Santo Antônio começará a ser ofertado no fim do semestre. Mesmo diante de boas perspectivas com a expansão, o engenheiro civil adianta que não pretende abandonar a Pampulha. A construtora continua em busca de terrenos, em especial no Bairro Liberdade, onde há um empreendimento quase pronto. A expectativa é fazer um lançamento na região de origem até o fim do ano.
Rodrigo Coelho Ferreira, da Construtora Jari, aposta em empreendimentos de alto luxo fora da Zona Sul  - Beto Magalhães/EM/D.A Press Rodrigo Coelho Ferreira, da Construtora Jari, aposta em empreendimentos de alto luxo fora da Zona Sul

Os investimentos no Vetor Norte impactaram os negócios da Construtora Jari. O advogado Rodrigo Coelho Ferreira, um dos sócios, diz que a Linha Verde atraiu muitos clientes para a empresa, já que ajudou a valorizar a região. Na opinião dele, o mesmo deverá ocorrer com a chegada do BRT (do inglês transporte rápido por ônibus). Bairros vizinhos, como União, Palmares e Fernão Dias, também foram diretamente beneficiados. Como o valor do terreno está alto no Cidade Nova, muitos empreendimentos de alto padrão migraram para que as construtoras continuem a atender a demanda. Ferreira garante, no entanto, que ainda tem terreno no Cidade Nova.

O presidente do Creci-Minas, Paulo Tavares, acredita que o aumento do número de empreendimentos de luxo distante da Região Centro-Sul é um movimento interessante para o mercado imobiliário. “Os bairros crescem e daqui a pouco vão ter o mesmo conforto de lá. Em um futuro próximo, quem quer morar perto do trabalho vai até alugar seu imóvel na Zona Sul e se mudar”, opina. Ao mesmo tempo, o morador que tem a chance de comprar um apartamento de luxo vai dar oportunidade de moradia para outros clientes, que hoje aproveitam farta linha de crédito. Enfim, todos ganham.

SAIBA MAIS - BRT

Em breve, Belo Horizonte será mais uma capital do Brasil a adotar sistema de transporte rápido por ônibus. A previsão do Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 é inaugurar três linhas até o segundo semestre. Serão 23 quilômetros de pistas exclusivas para os ônibus articulados. A primeira linha começará a viagem na Estação Vilarinho e seguirá para as avenidas Pedro I e Antônio Carlos, até o Centro. O itinerário da segunda linha será da Avenida Cristiano Machado, a partir da Estação São Gabriel, até o Centro. Já a terceira linha passará por toda a extensão das avenidas Paraná e Santos Dumont. O investimento é de quase R$ 700 milhões.

Tags: investimento,

Comentários Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
600
 
lucio - 07 de Fevereiro às 11:09
Infelismente mesmo com o coeficiente de aproveitamento ter sido mudado em alguns bairos os proprietários de terrenos insistem em manter ou até aumentar os seus os seus valores, o que dificulta construir com valores competitivos no mercado.A maioria na zona norte mudou de 1.7 para 1.5

Últimas Notícias

ver todas
07 de julho de 2023
05 de julho de 2023