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Por dentro do concreto - Parte III

Material que se destaca na construção, o concreto segue algumas especificações sobre processos de produção e aplicação, que garantem a durabilidade e a segurança das estruturas

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Dando continuidade ao nosso artigo anterior, iremos neste trabalho discorrer a respeito dos métodos de produção e aplicação do concreto.

A produção do concreto inicia-se com o proporcionamento dos materiais. Nesta etapa, deve-se levar em conta a umidade presente no agregado miúdo, uma vez que ela interfere na relação água/cimento e modifica o volume da areia, devido ao fenômeno de inchamento.

Existem vários tipos de misturadores. Os mais comuns em pequenas construções são os misturadores inclinados, que se utilizam da gravidade para a homogeneização do concreto. Problemas com a homogeneização das misturas podem causar prejuízos sérios para a qualidade da estrutura.

A colocação dos materiais deve seguir uma ordem. Primeiro o misturador deve ser carregado com o agregado graúdo, e com parte da água destinada à mistura, seguido pelo agregado miúdo e pelo cimento. O cimento, devido à sua finura, apresenta dificuldade de homogeneização com tendência à formação de grumos, necessitando, desta forma, do atrito das partículas maiores para se desfazer. O restante da água é adicionada após razoável homogeneização da mistura. Os aditivos devem ser colocados à primeira parcela de água. O tempo de mistura deve garantir a homogeneização, porém sem excessos.

O tempo de transporte do concreto não deve exceder 90 minutos, em clima quente, e 120 minutos, em clima frio. A utilização de meios corretos de transporte (carrinhos, giricas, etc) evita a perda de materiais. Durante o transporte, não deve ocorrer a segregação dos seus constituintes. Deve-se evitar a exposição do concreto ao calor, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes, para que ele não perca água por evaporação.

Problemas de qualidade durante a execução da concretagem podem gerar desaprumos, embarrigamentos, desalinhamentos, desbitolamentos, desníveis, falhas de enchimento, e até mesmo majoração das sobrecargas previstas no projeto estrutural que, por sua vez, interferem nos custos e prazos de execução da estrutura.

As fôrmas devem ser cuidadosamente posicionadas com o auxílio de prumo de face e/ou régua com nível de bolha, sendo mantidas na posição com escoras metálicas reguláveis. Cuidados adicionais devem ser tomados quando a fixação for realizada diretamente sobre terrenos, para evitar deformação quando da aplicação das cargas. As fôrmas devem receber previamente a aplicação de desmoldante hidrossolúvel. Frestas nas fôrmas devem ser reparadas com massa de vedação ou com fitas auto adesivas, a fim de evitar a perda de argamassa e comprometimento do acabamento. Em seguida, são introduzidas as armaduras com espaçadores que limitem sua proximidade das fôrmas.

A fase de lançamento do concreto é extremamente importante para a resistência mecânica e durabilidade da estrutura. O lançamento deve ser realizado de forma a preencher todo o volume, inclusive nos locais de difícil acesso. Influem neste processo a trabalhabilidade e coesão do concreto, bem como as dimensões e rugosidade da fôrma, a densidade de armadura e o processo de adensamento. O adensamento mais usual, e bastante eficiente, é o que utiliza vibradores de imersão, com variação nos diâmetros das agulhas, na amplitude e freqüência da vibração. Na falta deste recurso, o adensamento pode ser realizado com a ajuda de pilão manual.

Este processo deve ser realizado penetrando a agulha perpendicularmente à superfície do concreto, retirando-a no mesmo sentido lentamente. O tempo de permanência deve ser o suficiente para que a nata comece a aflorar na superfície do concreto. A concretagem deve ser realizada em camadas de 40 em 40cm, sendo que o vibrador deve penetrar entre 5 a 10 cm a camada anterior. A agulha não deve ser encostada na fôrma pra não danificá-la ou criar bolhas na superfície da peça, nem na armadura, para não prejudicar a aderência do concreto na mesma. As fôrmas só devem ser retiradas após o concreto atingir as resistências mínimas definidas no projeto.

Esta série de artigos sobre concreto não teve por objetivo esgotar o assunto, mas apenas apresentar uma visão geral para profissionais que não são da área. O assunto é bem extenso e requer muito estudo para que seja completamente dominado.

Leia os artigos anteriores de Giulliano Polito no Lugar Certo
Por dentro do concreto - Parte II
Por dentro do concreto - Parte I
Pintura ou textura?

Dúvidas e sugestões de matérias poderão ser enviadas para o email: giulliano.polito@gmail.com

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