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Argamassa, pau para toda obra!

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postado em 28/09/2010 15:51 / atualizado em 25/04/2013 15:49 Giulliano Polito /Especial para o Lugar Certo
Foto: Claudia Luiza Lis Costa/Divulgação
28 de setembro de 2010 - A expressão "pau pra toda obra" é utilizada para expressar pessoa que não recusa nenhum tipo de trabalho, mas também pode ser aplicada às argamassas. As argamassas à base de cimento são um dos materiais mais versáteis dentro de um canteiro de obra. Elas podem ser utilizadas como revestimento interno, revestimento externo, contra piso, piso acabado, regularização de base, proteção mecânica, entre outros. Para cada função é exigido um nível de desempenho. Nos próximos artigos iremos explorar cada uma destas aplicações e os cuidados necessários para se executar cada uma delas. Primeiro vamos conhecer um pouco mais deste material.

As argamassas à base de cimento são materiais que utilizam como principal aglomerante o cimento Portland. Além deste, as argamassas contém areia (agregado), água e em alguns casos cal hidratada e/ou aditivos. Cada um destes ingredientes contribui para determinadas propriedades da argamassa, tanto no estado fresco como no estado endurecido. As propriedades nos estado fresco estão relacionadas com a facilidade de aplicação e acabamento, enquanto que as propriedades no estado endurecido estão relacionadas à resistência mecânica e durabilidade.

Vamos entender a influência de cada um dos constituintes da argamassa:

O cimento é o principal responsável pela resistência mecânica de uma argamassa no estado endurecido. Existem vários tipos de cimento, entretanto os que apresentam melhor desempenho são os que proporcionam um endurecimento
mais lento (CPII e CPIII). Via de regra, quanto mais cimento é adicionado ao traço, maior será a resistência mecânica e a rigidez do revestimento. Entretanto, argamassas demasiadamente rígidas são mais susceptíveis ao aparecimento de fissuras e ao surgimento de patologias. A argamassa deve possuir capacidade de absorver as tensões e movimentações impostas pela estrutura e pelo intemperismo. O cimento também é o responsável pela retração sofrida pela argamassa durante seu processo de endurecimento.

A areia representa o esqueleto indeformável da argamassa. As areias podem ser de várias fontes: As mais utilizadas são naturais provenientes de rios ou de cava e artificiais proveniente de britagem de rochas. Propriedades da areia como granulometria, distribuição granulométrica, formato de grãos, quantidade de matéria orgânica e tipo de material interferem diretamente nas propriedades da argamassa. Areias de rio tendem a ter grãos mais arredondados propiciando argamassas mais plásticas. Areias provenientes de britagem tendem a possuir arestas mais definidas permitindo melhor intertravamento mecânico e menor trabalhabilidade da argamassa. A proporção dos grãos também influência. Grãos com dimensões lamelares prejudicam a trabalhabilidade da argamassa.

Uma característica muito importante da areias é seu percentual de matéria orgânica e argila. A argila além de possuir características expansíveis, aumenta a demanda de água da argamassa acentuando o efeito de retração. É
prática comum entre profissionais mais antigos a adição de saibro e filitos à argamassa para melhorar sua trabalhabilidade e facilitar sua aplicação na parede. Esta prática é totalmente condenável e deve ser combatida a todo
custo, sob pena de se comprometer toda a vida útil do revestimento.

A cal hidratada desempenha um papel fundamental para o bom desempenho da argamassa. Além de ser um material aglomerante, contribui enormemente para sua plasticidade no estado fresco e para a capacidade da argamassa em absorver movimentações da estrutura no estado endurecido (módulo de deformação). A argamassa também contribui para uma boa hidratação do cimento de duas formas: melhorando a retenção de água da argamassa e liberado água em seu processo de carbonatação. Atualmente, as cales são industrializadas e aditivadas e podem ser misturadas diretamente junto com o cimento.

Os aditivos são utilizados para conferir e/ou melhorar determinadas propriedades às argamassas: impermeabilizantes, incorporadores de ar, anti-mofo, entre outros.

A água utilizada deve ser de boa qualidade, preferencialmente de abastecimento público. Sua quantidade deve ser a suficiente para conferir a plasticidade necessária à boa aplicação e acabamento da argamassa. A introdução indiscriminada de água aumenta a retração da argamassa e, consequentemente o aparecimento de fissuras, aumenta sua porosidade e reduz sua resistência mecânica. De maneira nenhuma deve-se adicionar água à argamassa após o início de endurecimento (início de pega).

Nos próximos artigos iremos abordar as propriedades necessárias para cada tipo de utilização e as melhores práticas e cuidados de preparação e aplicação. Até lá!

Leia os artigos anteriores de Giulliano Polito no Lugar Certo
Por dentro do concreto - Parte III
Por dentro do concreto - Parte II
Por dentro do concreto - Parte I
Pintura ou textura?

Dúvidas e sugestões de matérias poderão ser enviadas para o email: polito@polito.eng.br

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