Antes mesmo do término da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o Brasil, através da figura de nosso presidente, anunciou ao planeta qual será a prioridade na preparação para recebermos o maior evento esportivo mundial daqui a quatro anos: a sustentabilidade. Em seu discurso de vinte minutos, no dia oito de julho, para uma platéia de ex-craques de futebol, autoridades governamentais e dirigentes da FIFA, nosso presidente proferiu uma frase que poderá se tornar célebre: a Copa de 2014 será verde como as nossas florestas. Escrevo 'poderá se tornar' porque do propósito para a prática teremos um trabalho árduo a realizar.
Óbvio que as principais estrelas da Copa de 2014, em termos de construção, serão as arenas esportivas a serem construídas ou revitalizadas. Nossos estádios deverão ser um referencial a ser apresentado ao mundo em termos de ecoeficiência. Em termos práticos, isto quer dizer que deveremos fazer mais com menos. Deveremos fazer com que as arenas se tornem um ambiente muito mais agradável ao torcedor com um consumo bem menor de materiais não recicláveis; deveremos propiciar um acesso às arenas esportivas o mais confortável e seguro possível para os torcedores, ao mesmo tempo em que deveremos reduzir o impacto negativo que um empreendimento desta magnitude causa aos moradores das regiões mais próximas aos estádios; deveremos desenvolver sistemas eficientes de geração de energia limpa com uma menor dependência das fontes não-renováveis de energia. É bom saber que o governo e as organizações nacionais tais como sindicatos, conselhos e institutos já se posicionaram a respeito através de manifestações de apoio às construções sustentáveis. É bom saber também que pelo menos o nosso estádio das Minas Gerais, o Mineirão, ficou a cargo de um profissional capacitado com diversos trabalhos focados em sustentabilidade, meu amigo arquiteto Gustavo Penna.
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Porém, também é bom salientar que não serão apenas as arenas esportivas as obras a serem realizadas para a Copa do Mundo de 2014 e que, portanto, para alcançarmos o propósito idealizado no logo lançado pelo Brasil para a copa teremos também que fazer mais no quesito ecoeficiência. Se o que as autoridades governamentais brasileiras pretendem apresentar ao mundo daqui a quatro anos é um país de economia sólida, de prosperidade e de vanguarda quando a questão é a preservação do planeta, as obras de infra-estrutura também deverão ter um cunho sustentável ao serem planejadas e executadas.
Levanto esta bola (aproveitando o cerne do assunto apesar do chavão) porque a imagem de um país referência em sustentabilidade pode ser denegrida através da construção de uma obra de grande impacto ambiental como a Usina de Belo Vale no norte do país, por exemplo. Entendamos que a energia gerada através de uma hidrelétrica é considerada energia limpa, porém o impacto inicial de uma mega-obra, como é o caso desta Usina, que será a terceira maior do mundo, é altamente negativo ao meio ambiente. E isto não é bom para o propósito estabelecido para a Copa Verde. Aliás, isto não é nada bom.
Nos próximos quatro anos nosso país irá se tornar um canteiro de obras, desde empreendimentos de infra-estrutura para transporte até hotéis serão construídos e todos deverão ter um foco sustentável. Assim poderemos realmente nomear a Copa do Mundo do Brasil de 2014 de a Copa Verde. Para isto faço um convite a você: mãos à obra.
Júlio César Fonseca é graduado em Engenharia Civil e na área Elétrica, MBA em Gestão de Projetos, Diretor de Engenharia da Green Gold Engenharia e Projetos, empresa-membro do Green Building Council Brasil. Visite o
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