Retorno das samambaias

A planta que carrega a pura identidade brasileira volta a ser usada na decoração e paisagismo, aliando praticidade e beleza

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postado em 27/11/2009 08:27 Joana Gontijo /Lugar Certo
Reprodução/Tudoedimais/Anaclaudiaflores
Ela andava fora de moda, mas está de volta, triunfal. A samambaia do século 21 está repaginada, e não aparece mais apenas pendurada por correntes ou em um alto tripé. Agora, vasos, jardins verticais, cachepôs, quadros e painéis naturais, entre muitas outras possibilidades para espaços externos e internos, celebram o verde vivo dessa planta, em um resgate das nossas espécies nativas que dão graça especial à decoração. "A samambaia é vintage, uma planta divertida, festiva, já que tem o verde exuberante. Ela não está mais como costumávamos conhecer, apenas pendurada por três correntinhas, em um pratinho. Agora é usada de várias formas, você tem que saber explorá-la", conta a designer de interiores Lidia Damy Sita. Ela sugere, por exemplo, experimentar pôr a samambaia em cima de um banco, sobre uma mesa comprida, em cachepôs, ou até mesmo construir muros e paredes verdes. "Simplesmente aquele coquim não existe mais".

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Em projeto apresentado em edição da mostra CAD Casa Arte & Design, em São Paulo, Lidia usou a samambaia sobre uma mesa para compor o ambiente do home-office, que trazia a premissa da sustentabilidade, com tapetes em garrafas pet, escultura feita com latas de tintas e poltronas tecidas em 400 flores de crochê. "Queria uma planta que ocupasse bem o espaço. E a samambaia trouxe o frescor ideal, não poderia ser outra opção. Além disso, seu período de vida é longo e ela dura muito".

A paisagista Carla Pimentel lembra daquelas casas do interior, dos nossos avós ou tios, em que a samambaia sempre estava presente, e por isso mesmo hoje é capaz de despertar a própria memória afetiva, carregando identidade. "A chorona ou a do mato eram as mais utilizadas. Agora, é como se o paisagismo resgatasse o que é nosso e está no nosso próprio bioma, sem precisar importar matrizes que não são naturais. A samambaia é encontrada em abundância no Brasil, principalmente na mata atlântica, e nasce facilmente em barrancos de riachos, bosques, florestas, ou à beira mar, em rochas e penhascos. Elas são nativas daqui", frisa.

Entre nove principais famílias botânicas que reúnem mais de 12 mil espécies, a maior parte dos gêneros utilizados em paisagismo é proveniente dos trópicos, com destaque para adiantum, asplenium, polypodium, pteris e platyccerium. Eles se multiplicam em diversos tamanhos e formas, lembrando rendas, chifres, espinhas de peixe, que dão origem aos nomes populares: renda-portuguesa, chifre-de-veado, americana, chorona, argentina, samambaiaçus, ninho-de-passarinho, avencas, paulistinha, samambaia-de-metro, do amazonas, samambaia-prata, cavalinha, samambaia-trepadeira, para citar apenas alguns. "A chifre-de-veado, por exemplo, é exótica, linda, pode ser colocada em cachepôs, e a americana fica muito bem para forração em canteiros, já que tem uma folha muito verde, para cima. A renda-portuguesa, por sua vez, agora é muito usada para compor gigantescos painéis verdes, com muito volume, em que você pode misturar várias espécies também, se desejar. Mas isso deve ser feito em superfícies de no mínimo 5X3 metros, em um restaurante, uma loja, ou um ateliê, por exemplo", recomenda Carla Pimentel.

Leia mais sobre biodiversidade na coluna de Carla Pimentel

Uso da planta em ambientes internos retornou com força total e sua versatilidade agrada paisagistas e arquitetos - Lidia Damy Sita/Divulgação Uso da planta em ambientes internos retornou com força total e sua versatilidade agrada paisagistas e arquitetos

Como orienta a paisagista, a samambaia gosta de locais sombreados e úmidos, e se acostuma onde é colocada pela primeira vez, por isso não deve nunca ser deslocada. A rega deve ser feita uma vez ao dia, e a planta estará sempre pronta para crescer sempre mais. "No paisagismo não se pode inventar, como na decoração. Temos que pincelar o que é da nossa flora. Hoje, as pessoas não querem mais aquele jardim minimalista, apenas com uma graminha. Ver sua samambaia crescer, multiplicar, criar cada dia mais volume, traz aconchego, porque é identidade brasileira", completa Carla.

PRÁTICO

Na edição 2008 da Casa Cor em São Paulo, a paisagista Gigi Botelho apresentou uma proposta exuberante que abusava das samambaias e outras espécies de meia-sombra brasileiras. Para ela, o grande trunfo está na praticidade, já que a samambaia requer menos trabalho e despesa. Gigi dá a dica de tentar reproduzir em casa o seu ambiente natural, encostas ou sobre alguma árvore. "Ela fica embaixo de copas, protegida por outras vegetações, e seu grande vilão é, sem dúvida, o vento. Corredores com corrente de ar ou varandas muito abertas devem ser evitadas. No geral, as samambaias vão bem em ambiente doméstico porque são resistentes ao ataque de pragas. O substrato, por sua vez, tem de estar sempre úmido, mas não encharcado. A boa drenagem é vital para elas", explica. O segredo é ter bom senso e ficar de olho no tempo, para saber quando a planta mais precisa de água, e elas também não sobrevivem ao ar-condicionado, completa.

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