Uma casa para todos

Aumento no número de idosos e defesa da inclusão social de portadores de necessidades especiais fazem profissionais da construção desenvolverem modelo universal de construção

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postado em 08/06/2009 17:55
A Home Universal, protótipo desenvolvido pela arquiteta Sandra Perito, é considerada modelo de imóvel de uso universal no mercado brasileiro - Fotos: Luiz Doro/Divulgação A Home Universal, protótipo desenvolvido pela arquiteta Sandra Perito, é considerada modelo de imóvel de uso universal no mercado brasileiro
Portas mais largas, pisos sólidos e regulares, luz de vigília, rampas e barras de proteção são alguns elementos básicos para projetos de construção para a inclusão de pessoas com baixa mobilidade e outras limitações. Dias 16 e 17 deste mês, cerca de 300 engenheiros, arquitetos e designers participarão do grande debate sobre o novo conceito de construção, durante a 1ª Jornada Nacional de Arquitetura Inclusiva. O objetivo do encontro é construir e disseminar novos conceitos de imóveis que possam ser usados por todos, pelo maior tempo possível, em condições seguras e que retardem a deterioração da construção e suas ameaças para a saúde e segurança dos moradores. Arquitetos engajados no debate também esperam demolir preconceitos, como o que afirma que construções adaptadas são inviáveis do ponto de vista econômico.

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Em 2003, a doutora em arquitetura inclusiva e presidente do Instituto Brasil Acessível, Sandra Perito, uma das organizadoras da Jornada, construiu uma casa 100% segura e acessível para mostrar a viabilidade, inclusive econômica, do novo conceito. Sandra Perito afirma que esse tipo de obra tem acréscimo de apenas 1% no valor total, mas o gasto com reforma para adequar o imóvel ao uso universal pode alcançar 25% do valor do imóvel.

A Home Universal, como ela chamou o protótipo, se tornou modelo nacional para projetos de moradia inclusiva. A casa universal não tem desnível de piso e usa revestimento antiderrapante. As esquadrias, se não forem automatizadas, terão abertura facilitada e segura e são instaladas em altura suficiente para visualização externa de uma pessoa sentada. O acesso externo é facilitado desde a calçada e as portas de saídas de emergência são destacadas e bem posicionadas, além de contar com iluminação especial.

Outra dica da arquiteta é instalar detectores de gás na conexão do fogão, o uso de torneiras com fácil acionamento e controle de temperatura, aumentando o conforto térmico. Para evitar acidentes, a recomendação é instalar registros em áreas que não sejam abaixo do chuveiro, evitando escaldamento, e colocar barras de apoio e segurança no banheiro. A casa universal também tem boxes com abertura para fora e bancadas com alturas reguláveis ou variadas. Edifícios de dois ou mais pavimentos podem se adequar ao modelo. A recomendação é de que tenham elevadores ou plataformas e apresentem corrimãos de duas alturas.
Sandra Perito, presidente do Instituto Brasil Acessível e Cláudia Pires, presidente do IAB-MG - Luiz Doro/Divulgação e Gladyston Rodrigues/AoCubo Filmes Sandra Perito, presidente do Instituto Brasil Acessível e Cláudia Pires, presidente do IAB-MG

ESPAÇOS

A presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG), Cláudia Pires, ressalta que Belo Horizonte e outros municípios fazem adaptação de sua legislação e modificam os espaços públicos para a inclusão do portador de necessidades especiais e para a população idosa. "Atualmente, quem não se adequar ao pensamento da acessibilidade na hora de construir está na contramão da história", diz.

O professor de arquitetura da Fumec Jacques Lazzarotto prioriza projetos que buscam a acessibilidade e adota o modelo universal. Para ele, uma casa segura e adequada deve ter barras de apoio, luz de vigília e desníveis no piso menores ou iguais a 1,5cm. "Ambientes com desníveis maiores devem contar com rampa", avisa. O imóvel ideal, segundo ele, é o que prevê a circulação vertical com rampa ou mecanismos de circulação mecânica ou eletromecânica, excluindo a possibilidade apenas de escadas.

AUTONOMIA

Jacques Lazzarotto ressalta que o vão das portas deve ter largura livre igual ou superior a 80cm. Para promover a autonomia e segurança para o portador de necessidades especiais, os metais da cozinha e do banheiro devem ter comandos com altura entre 80 a 100cm do piso acabado e devem ser usadas torneiras com baixo esforço para o manuseio.

Entre os produtos disponíveis no mercado, o arquiteto destaca alguns aliados da casa universal, como a maçaneta do tipo alavanca ou alça, o mictório de piso e torneiras e registros do tipo alavanca (monocomando), que exigem pouco esforço físico para abrir e fechar. Na contramão da moradia universal, diz ele, estão a maçaneta do tipo bola e o mictório suspenso.

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