Vista geral do Bairro Buritis, em BH, uma das principais opções de compra de imóveis na capital: consórcio é bom para quem não tem pressa
A queda na taxa de juros e os subsídios do governo para a compra da casa própria reduziram os custos dos financiamentos imobiliários. Mas, apesar das alterações promovidas nas linhas dos bancos privados e federais, a modalidade de consórcio ainda continua a ser uma alternativa mais econômica para a compra da casa própria. Por isso, antes de optar pelo aluguel, empréstimo ou consórcio, o consumidor deve avaliar qual é a sua necessidade atual e a urgência em comprar o imóvel.
Para quem não tem pressa em comprar a casa própria, a grande vantagem dos consórcios sobre os financiamentos bancários é terem taxas de correção muito mais baixas. No consórcio, o interessado paga 18% de taxa de administração (no prazo total) e 5% de fundo de reserva. Nos empréstimos das instituições financeiras, a taxa mais econômica gira em torno de 8,65% ao ano, mais Taxa Referencial (TR).
E os encargos menores são cobrados de acordo com a renda e faixa etária do interessado. Além disso, o comprador precisa ter uma economia para dar de entrada na compra do bem, o que não é exigido na modalidade de consórcio. "Se a pessoa não tem o dinheiro total do imóvel em mãos e pode esperar um pouco, o consórcio é uma boa alternativa. Mas é preciso torcer para ser sorteado logo no início do prazo, pois há grupos de 10 a 12 anos. Se a pessoa for a última, vai ter que esperar muito. Ou seja, o fator tempo precisa ser avaliado", afirma Ricardo Mello, diretor do Instituto Ricardo Mello, voltado para o desenvolvimento de cursos para a educação financeira.
Já no financiamento bancário a principal vantagem é a rapidez do processo. "A pessoa pode comprar a casa em dois meses. Mas as taxas de juros cobradas pelos bancos ainda são altas e a pessoa precisa ter um dinheiro de entrada nessa modalidade", observa Mello. Já no consórcio, o cotista tem o inconveniente de ficar esperando a vez de ser contemplado com a carta de crédito que lhe dará direito ao imóvel. O prazo de pagamento nos consórcios também é mais curto e chega ao máximo de 180 meses, em média. Nas instituições financeiras, o empréstimo chega hoje a 360 meses.
As administradoras contemplam os cotistas do grupo de consórcio com um crédito em dinheiro. Se a situação financeira do grupo está em ordem, as administradoras entregam duas cartas de crédito por mês, uma por sorteio e outra por lance (quem der o lance do maior número de parcelas é contemplado). O sorteado pode escolher imóvel em qualquer cidade brasileira e indicar quando vai adquiri-lo. Cada consorciado pode fazer parte de um ou mais grupos de consórcio. As correções das parcelas geralmente são anuais, feitas pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC). O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode ser usado nos consórcios para lance de quitação das parcelas. Mas o fundo só pode ser usado se a pessoa quitar todas as prestações em débito. A modalidade permite a compra de imóveis novos, usados, em construção ou terrenos. Leia mais sobre consórcios: Benefícios limitados Financiamento ou consórcio?
No primeiro semestre deste ano, 32 mil pessoas foram contempladas com cotas de consórcios no Brasil, contra 29 mil no mesmo período de 2008, segundo levantamento da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). "O consórcio como forma de poupança tem sido o mecanismo adotado pelo brasileiro para realizar o sonho da casa própria. Um exemplo do crescente interesse pelo sistema foi o grande número de cotas vendidas em junho, recorde desde janeiro de 2008, com 6 mil novas adesões", afirma o presidente-executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi. Entre os que aderiram aos novos grupos, também houve alta. Em 2009, o acumulado semestral chegou a 100 mil novas cotas, 2,1% a mais que as 97 mil do mesmo período de 2008.
Antes de optar pelo consórcio, especialistas do segmento imobiliário recomendam uma boa pesquisa sobre as administradoras. É preciso verificar a idoneidade e a saúde financeira delas. É importante ainda pedir informações às próprias administradoras sobre os percentuais que elas costumam aplicar para obter as taxas cobradas mensalmente. As taxas de adesão, de administração e do fundo de reserva podem variar. Se a pessoa optar por entrar em um grupo de consórcio já formado, deve avaliar a situação financeira dele e se as parcelas estão sendo pagas pelos consorciados.
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