Muros ecológicos

Cerca viva é opção para quem procura privacidade, segurança, contato com o verde e melhoria na qualidade de vida. Paisagistas dão dicas que aliam beleza e praticidade

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postado em 06/12/2009 15:14 Júnia Leticia /Estado de Minas
A professora de paisagismo Virgínia Caetano diz que divisória feita com o chorão-ereto, além de bonita garante privacidade entre imóveis, onde não é possível colocar muro - Gladyston Rodrigues/Ao Cubo Filmes A professora de paisagismo Virgínia Caetano diz que divisória feita com o chorão-ereto, além de bonita garante privacidade entre imóveis, onde não é possível colocar muro
Além de sua função ecológica, que visa ao equilíbrio do ecossistema urbano, os projetos paisagísticos oferecem soluções para a redução de ruídos e da poluição nas grandes cidades, atenuam o calor e aumentam a umidade do ar. Outra aplicação desse tipo de trabalho é esconder ou minimizar espaços que não devem ser observados, mantendo a privacidade do imóvel. Para isso, paisagistas normalmente recomendam o uso de cercas vivas.

Veja fotos de plantas que podem ser usadas para cercas vivas

Segundo a arquiteta, mestra e professora de paisagismo nos cursos de arquitetura e urbanismo e design de interiores da Universidade Fumec Virgínia Caetano, cerca viva é um conjunto de plantas dispostas em fileiras que têm a finalidade de delimitar um espaço onde não é possível ou não é desejada a construção de um muro. "Como exemplo, temos várias cercas vivas nos condomínios horizontais ao redor de Belo Horizonte, marcando os limites entre terrenos", aponta.

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O paisagista e ambientalista Caio Zoza recomenda cercas vivas em construções muito próximas às divisas do terreno, principalmente áreas de lazer. "Também quando a edificação é perto da rua. Nesses casos, a cerca viva é indicada para dar maior privacidade aos moradores, obtendo-se aí também uma barreira sonora, permitindo, assim, maior conforto", diz.

Elas também podem ser usadas nos jardins sobre laje dos pilotis dos edifícios, como diz a arquiteta Virgínia Caetano. "Os benefícios de jardins sobre laje com grande volume de vegetação são bastante significativos para a cidade. Quando planejados desde a concepção do projeto arquitetônico, o cálculo das lajes permitirá o plantio de espécies de maior porte", explica.

No caso de edifícios mais antigos a serem reformados, uma boa opção é a criação de jardineiras acima da laje. Quando planejadas com todos os cuidados técnicos de segurança, impermeabilização e drenagem, a arquiteta diz que são soluções vantajosas nas grandes cidades, onde a verticalização é dominante. "Nesse caso, as cercas vivas podem ter as mesmas funções descritas anteriormente como se estivessem plantadas em terreno natural", acrescenta Virgínia Caetano. Mas se o objetivo for criar um quebra-vento em grandes áreas rurais, podem ser escolhidos o bambu, o álamo ou a grevílea.

Para ser usada como cerca viva, as plantas têm de ter facilidade de entrelaçamento dos galhos durante seu crescimento, conforme Caio Zoza. "Além disso, devem regenerar-se facilmente depois de sucessivas podas e não ser caducifólia, nome dado às plantas que perdem suas folhas durante um período do ano", exemplifica o paisagista.

SEGURANÇA

Além disso, elas são cultivadas com a finalidade de promover a segurança, tanto em áreas residenciais quanto urbanas, conforme Virgínia Caetano. "Em Belo Horizonte, um bom exemplo de uso em área urbana é a cerca viva que limita a linha do metrô, na região central da cidade", exemplifica a arquiteta.

Ela conta que lá foi utilizado o sansão-do-campo, uma espécie muito resistente, densa desde a base, com muitos espinhos ao longo dos galhos, folhagem verde clara muito ornamental, que tem flores branco amareladas durante quase o ano todo, podendo chegar a 8 metros de altura. "Esse maciço de vegetação, além de impedir a passagem de pessoas e até de pequenos animais para a linha do trem, cria um corredor verde que embeleza o trajeto, aumenta a umidade e reduz o calor daquela região", completa.

Outro ótimo exemplo de cerca viva foi visto por Virgínia Caetano em São Paulo. "Feita com murta nos canteiros centrais da Av. Nove de Julho, ela é utilizada como barreira para impedir que os pedestres atravessem fora das faixas", conta. De acordo com ela, o efeito é muito bonito e a cerca viva tem um aspecto mais gentil do que as duras estruturas metálicas com tela.

As duas espécies citadas pela arquiteta são muito resistentes, não exigem muitos cuidados e desenvolvem-se em condições adversas de climas variados e solos pobres em nutrientes, resistindo a longos períodos de estiagem. Além dessas características, o paisagista Caio Zoza fala que, para se definir a criação ou não de uma cerca viva, deve se levar em conta outros aspectos. "A vegetação do entorno, a luminosidade, o tipo de solo e, principalmente, a altura final desejada", enumera.
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