Estilo que vem dos antiquários

Uso de peças antigas ganha força nos atuais projetos de decoração e pode imprimir personalidade aos lares

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

- AMIGO + AMIGOS
Preencha todos os campos.
postado em 19/02/2011 18:17 Joana Gontijo /Lugar Certo
Peças de todos os tipos podem contribuir para o equilíbrio entre o novo e o velho. Eraldo Pinheiro, arquiteto: o ultramoderno não vive sem o antigo - Eduardo Almeida/RA Studio Peças de todos os tipos podem contribuir para o equilíbrio entre o novo e o velho. Eraldo Pinheiro, arquiteto: o ultramoderno não vive sem o antigo
Peças que carregam marcas do tempo e muita personalidade. Longe do design futurista, da produção em série ou sob medida, o que muita gente procura é o cheiro forte do passado quando se entra em um antiquário. Na hora de pensar em um projeto de decoração, criar uma atmosfera retrô pode ser a intenção, aproveitando o estilo clássico e requintado dos móveis antigos, que fascina. Adornos e móveis dos séculos passados, dos pais e até dos avós podem gerar bons resultados visuais. A história contada através das ondulações e detalhes característicos do mobiliário, contrastando com as linhas retas e contemporâneas, carrega muitas reminiscências. Nem mesmo o aspecto pesado e, às vezes, austero, tira o toque de romantismo e elegância que os móveis antigos emprestam ao ambiente. Para deixar a casa com um ar clássico e aconchegante, nada melhor que os acabamentos minuciosos, curvas e detalhes luxuosos das antiguidades. Muitas vezes mais caros que as peças recém fabricadas, os móveis antigos costumam ter maior durabilidade e são raros. Mais que custo-benefício, a escolha por esse tipo de mobiliário é uma questão de estilo.

Cristaleiras, penteadeiras, toucadores, namoradeiras, cadeiras de balanço, baús, buffets, escrivaninhas, pés palito, adornos como candelabros, louças inglesas, estatuetas, cristais baccarat, bronzes, lustres, relógios, entalhes, cerâmicas, e tudo o que se acha em conservação e de qualidade em móveis coloniais, são apenas alguns dos produtos possíveis de se encontrar em um antiquário, cita o designer de ambientes Carlos Loyo. "Usar adornos antigos é uma maneira talentosa de combinar e fazer uma boa decoração. Arte antiga e adornos são extremamente pessoais e, nos melhores casos, são peças que o próprio cliente tem como especiais e não quer abrir mão de perpetuá-las em um novo projeto de decoração. O apelo emocional normalmente é mais forte quando se usa a composição de elementos de antiquários em um projeto. Muitas vezes se os clientes tem algum objeto que querem perpetuar em um novo ambiente é porque essa peça tem valor emocional inestimável, e em alguns casos, isso vem acompanhado de um valor financeiro", continua.

Veja mais fotos de antiquários e antiguidades

Para Carlos Loyo, história é o que mais se encontra ao entrar em um antiquário. "Nos bons antiquários da cidade, se você tem um bom curador de arte, ele poder lhe inflormar sobre a origem daquele produto que está sendo vendido". No heterogêneo interior de um antiquário, atulhado de diversos móveis e objetos de arte, o olhar atento do apreciador descobre rapidamente o relógio, o móvel ou qualquer outra peça antiga que valha a pena comprar, acrescenta a designer de interiores Kenya Bambirra. "São autênticos museus. Os objetos encontram-se agrupados conforme os estilos formando agradáveis conjuntos que os valorizam e o tudo nunca é demais. Entre móveis antigos originais, conservados ou restaurados, com o cuidado histórico, existe a admiração da beleza universal e o entendimento da importância dos objetos antigos como documentos de valores do passado, do bom gosto de uma época, da história de cada peça garimpada da competência dos marceneiros antigos, a raridade da madeira, as linhas delicadas dos estilos que documentam uma época", pontua.

Leia a continuação desta matéria:
Raridades fazem sucesso
Dentro da atmosfera retrô
Saiba mais

Para Kenya, entre uma grande variedade de artigos antigos, os antiquáriois gozam nos dias atuais de um prestígio considerável, tanto pelo seu valor sentimental, quanto artístico. Todos estes itens encontram aplicação na decoração atual, já que se trata de objetos artísticos que se harmonizam com elementos modernos, continua. "Sempre visito os bons antiquários à procura de informações e deleite. Em muitos casos os objetos antigos constituem também um bom investimento de valorização garantida, o que fomenta um próspero mercado, muito procurado por pesquisadores e colecionadores. O trabalho nos antiquários tende atualmente para a especialização. Assim, estes comerciantes limitam-se cada vez mais à venda de determinada espécie de objetos de certa época ou estilo. São especialistas cuja profissão exige conhecimentos técnicos profundos", observa Kenya.

Um móvel antigo é sem dúvida um objeto de arte e deve ser assim interpretado, um produto que reflete a cultura de uma época com seus valores específicos, continua a designer. Em geral, as peças antigas, quando em número reduzido, podem ser incorporadas em determinados ambientes de uma casa moderna para criar notas de contraste com uma decoração atual, e são capazes de dar um cunho de personalidade.
Kenya Bambirra, designer de interiores - Eduardo Almeida/RA Studio" title="Eduardo Almeida/RA Studio" /> "Sempre visito os bons antiquários à procura de informações e deleite" - Kenya Bambirra, designer de interiores

"Como decoradora e admiradora da beleza, entendo a importância dos objetos antigos como documentos de valores do passado. Me interessa tudo o que representa o bom gosto de uma época. Seu uso na decoração envolve um entendimento de seu significado completo, uma espécie de resgate da função dos móveis na posição social de nossos antepassados. Inseri-los em nosso cotidiano, descobrir a praticidade deles em nossa vida moderna é outra forma de arte, que procuro concretizar com refinamento".

REVERÊNCIA

Na opinião do arquiteto Eraldo Pinheiro, esta volta ao passado acontece por vários motivos. "Mesmo na era ultramoderna, o hight-tech não pode desconsiderar o passado. Hoje fala-se muito em sustentabilidade e, dentro disso, a primeira coisa é considerar o passado. Você tem que lembrar que um dia o futuro vai ser passado, e vai haver um novo futuro. É uma postura ecológica você reverenciar ou curtir o que já passou. Por exemplo, o móvel de madeira do século 18 representa um jeito de trabalhar a madeira que não é feita mais hoje". As peças antigas também são procuradas pela beleza, o plus, o elemento a mais. Uma casa toda em aço e vidro pode trazer elementos antigos para conviver com a estética atual de maneira equilibrada.

"É possível encontrar em antiquários coisas maravilhosas desde mobiliário europeu, mineiro antigo, pagando o preço pela raridade, mas a relação custo-benefício quase sempre é fantástica. Comprei um buffet pé palito italiano dos anos 50, de quatro metros, com vidro laqueado daquela época, maravilhoso, por R$ 1,8 mil. Hoje não tem nem mais quem faça, se fosse fazer ele custaria no mínimo R$ 10 mil. Curto essa possibilidade de achar peças raras por preços acessíveis. Quando o móvel está no limiar do velho e do antigo, a gente consegue fazer compras fantásticas, porque a antiguidade às vezes tem um preço mais alto. Quando a peça sai do brechó e entra no antiquário, começa a virar antiguidade. A produção mais antiga, mais rara, está no antiquário. Mais recente, encontra no brechó ou num antiquário que seja o meio termo", afirma Eraldo.
Comentários Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
600

Últimas Notícias

ver todas
07 de julho de 2023
05 de julho de 2023