O alto preço de lojas, salas comerciais e andares corridos tem levado muitos empresários a optar pela locação de casas, adaptando-as para o empreendimento. A possibilidade de personalizar o ambiente, área para estacionamento e espaço amplo são algumas das vantagens apontadas.
Mirian Dayrell, proprietária de imobiliária de mesmo nome, diz haver maior procura de casas por empresários interessados em abrir restaurantes, escritórios de advocacia, clínica e lojas de roupas femininas. “Tenho recebido muitas sondagens, atualmente para o Belvedere”, revela.
Ela mesma optou por uma casa no Bairro Sion para instalar sua imobiliária. “Queria dar ao meu cliente facilidades de acesso e estacionamento, o que é mais complicado em um prédio comercial, principalmente em regiões muito movimentadas. Além disso, as casas, em geral, são antigas e com ótimo espaço interno. Nos dão opções de transformá-las de acordo com o perfil do negócio”, pondera.
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Alternativas bem-vindas
As casas estão ficando mais escassas por conta da especulação imobiliária. Muitas estão indo ao chão para dar lugar a novos prédios. Na Avenida do Contorno, 4.835, um dos últimos “castelinhos” de Belo Horizonte resiste ao assédio imobiliário. As ofertas começaram em R$ 1 milhão, chegaram a R$ 1,8 milhão, mas a proprietária preferiu alugar o imóvel para a Pronto! Imóveis, que arcou com 80% dos R$ 200 mil necessários para a restauração, concluída há um ano, e vai ocupá-lo por pelo menos cinco anos.
Em cada detalhe da casa percebe-se um cuidado e qualidade raros ou mesmo impossíveis de se encontrar hoje em dia. Especialmente aquelas com acabamento à mão. “As mudanças se limitaram a tirar paredes que dividiam os quartos na parte superior para servir como uma sala de trabalho. O chão com tábuas de peroba-do-campo foi tratado e recebeu carpete. A fachada não foi modificada em nada, com muitos detalhes feitos à mão. Esse foi um feliz exemplo em que a ocupação de uma casa para servir como ponto comercial permitiu sua sobrevivência”, comenta Carlos Oliveira, diretor da imobiliária.
Daniel Trivellato, sócio da World Study, diz que paga mais caro pela casa do que pagaria por uma loja ou sala. “Mas temos muito mais espaço. Numa conta proporcional entre valor pago e área fica claro que acertamos. Fazemos encontros entre estudantes que estão indo viajar e voltando, num ambiente aberto do segundo andar, que funciona muito bem. Também fizemos um auditório para até 30 pessoas, que atende perfeitamente anossas reuniões internas, com alunos e palestras. Se estivéssemos numa sala, provavelmente teríamos que pagar por um espaço todas as vezes que quiséssemos fazer essas atividades”, pondera. Na avaliação da empresária e corretora de imóveis Mirian Dayrell, a casa dá uma elegância singular à empresa.
André Krai, diretor da Container e outras duas marcas de franquias de moda, se prepara para inaugurar um novo negócio: o Hotel Container Express. A primeira unidade será inaugurada em Ribeirão Preto e a expectativa é faturar R$ 20 milhões em 2012. A solução, segundo ele, pode ser uma alternativa para Belo Horizonte, que precisa aumentar o número de quartos para turistas até a Copa de 2014.
Os contêineres foram reciclados e fazem uso de outros materiais ecologicamente corretos como a estrutura de metal reciclada, paredes revestidas com compensados de resto de madeira, aproveitamento de luz solar e da água da chuva. A franquia tem como objetivo oferecer uma estada de baixo custo, a exemplo do que já existe em Angola e na Inglaterra. “A ideia é aproveitar os hóspedes que virão à Copa e às Olimpíadas e instalar empreendimento próximo a estádios e em rodovias de grande circulação”, esclarece.
Além do preço quantitativo, André espera oferecer mais espaço. Os quartos terão entre 30 e 60 metros quadrados. “Bem maior do que a concorrência e um custo total 25% menor”, revela. “Com a vantagem de que o negócio pode continuar no mesmo local depois desses eventos ou ser transferido, já que o projeto é móvel. Mas o ideal é já escolher um ponto permanente”, completa.
RESISTÊNCIA Outras casas também resistem ao servir de abrigo a negócios. É o caso do imóvel na esquina da Rua do Ouro com a Avenida do Contorno, onde funciona o Restaurante Villa Rizza. A RKM Engenharia valorizou o residencial Karina Barakat, localizado na Rua Maranhão, 1.007, no Funcionários, reformando a bela e histórica casa para funcionar como salão de festas, entre outros usos.
No Hotel Ibis Belo Horizonte Liberdade, na Avenida João Pinheiro, 602, a rede Accor comprou uma das primeiras casas da cidade, construída em 1935. Para não privar os belo-horizontinos desse patrimônio, ergueram o edifício nos fundos da casa. Hoje, o ambiente funciona como recepção e serve ainda como restaurante para o café da manhã, administrativo do empreendimento e tem uma sala de eventos.
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