Transparência que tranquiliza

Construtoras investem na informação como ferramenta para se diferenciar no disputado mercado e adotam, entre outras condutas, programa de acompanhamento on-line da obra

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postado em 05/02/2012 21:01 / atualizado em 06/02/2012 10:52 Júnia Leticia /Estado de Minas
"É importante verificar o histórico da construtora e sua capacidade financeira de suportar eventuais imprevistos", diz Alexandre Soares, vice-presidente da Habitare
Para mostrar o trabalho de qualidade que desenvolvem, as construtoras tradicionais apostam na transparência. De acordo com Juliana Junqueira, diretora técnica da MCA Auditoria e Gerenciamento, empresa especializada no ramo de consultoria, auditoria, gestão de projetos e obras, este é o melhor caminho para que elas se diferenciem das demais e conservem a confiança do consumidor.

Juliana observa que, para estreitar essa relação com os clientes, as construtoras têm adotado diversas condutas, como programa de acompanhamento de obra on-line, acessado diretamente pelos clientes. “As certificações ISO 9001 e PBQP – Nível A são outros instrumentos utilizados pelas construtoras para assegurar ao consumidor a qualidade de seus produtos e de seus fornecedores. Essas certificações garantem que as empresas executem suas atividades de acordo com processos e padrões técnicos estabelecidos”, conta a diretora.

O vice-presidente da Habitare, Alexandre Soares, também aposta na informação clara e precisa. Tanto é assim que, quando ocorreram os problemas com os prédios no Buritis, a primeira iniciativa foi fazer uma visita ao local para que os profissionais da empresa pudessem se inteirar do que havia ocorrido. “Logo depois, levamos nossos corretores até lá, mostramos a diferença entre os métodos presentes naquela obra e os que executamos em nossos edifícios, e os orientamos para que fizessem o mesmo com os clientes.”

O resultado da iniciativa foi positivo e gerou maior confiança nos consumidores, como avalia Alexandre. “Observamos que, a partir daí, os clientes puderam ver a qualidade de nossos empreendimentos e o cuidado em relação à segurança das edificações. Essa iniciativa garantiu a tranquilidade dos clientes na aquisição de nossas unidades.”

Soares também ressalta as etapas envolvidas nas obras da empresa, cujo processo segue a ordem: conteção, terraplenagem, fundação e estrutura da edificação, que inclui pilares, vigas, lajes e paredes. “Esse método proporciona mais segurança e resistência ao prédio, permitindo, inclusive, a alteração de paredes sem comprometer a integridade física do edifício.”

ALTERAÇÕES

Tomadas todas as devidas precauções durante a construção, uma vez concluído o prédio é preciso atenção também com relação a reformas. Apesar de ainda não poderem ser apontadas as reais causas dos desabamentos no Rio de Janeiro, o assunto chama a atenção para a necessidade de cuidados ao se alterar a estrutura de uma edificação.

Supervisora de obras da EPO Engenharia, Márcia Santos ressalta que é essencial que o proprietário do imóvel entenda o grau de alteração que vai fazer. “Se for uma reforma que possa causar algum impacto no entorno, então tem que contratar um profissional da área para orientações e, principalmente, acompanhamento e responsabilidade pelos serviços a serem executados.”

De acordo com Márcia, esse profissional deve conhecer a estrutura existente ou fazer ensaios que comprovem seu estado, para, então, recalcular os impactos provocados pela obra. “Uma reforma pode afetar as estruturas de uma construção de várias formas. Pode ser uma simples alteração de instalações ou mesmo mudança de paredes, abertura de janelas e troca de pisos. Um simples furo na viga pode ocasionar problemas imediatos ou posteriores nessa estrutura.”

Por isso, é essencial o acompanhamento e análise constante de riscos durante os trabalhos. A partir daí, é possível entender o comportamento de uma estrutura, conforme avalia Márcia. “Sempre haverá algum aviso, pequenas trincas, flambagens ou empenos de peças estruturais. Estar atento a esses indícios evitaria acidentes como o ocorrido no Rio de Janeiro”, alerta.

Transtorno e tristeza sem fim

Jair Amaral/EM/D.A.Press
Em outubro do ano passado, o Condomínio do Edifício Vale dos Buritis, de três andares, na Rua Laura Soares Carneiro, no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte, foi interditado pela Defesa Civil municipal, que foi ao local a pedido dos moradores, que temiam seu desmoronamento com o início das chuvas, já que havia trincas nos cômodos e no muro do 1º andar. Dois prédios vizinhos também foram interditados: o Art de Vivre, onde quatro famílias moravam, e outro ainda em construção. Mais tarde, moradores do Condomínio Edifício Brisas do Vale também foram orientados a deixar os apartamentos. Em 29 de dezembro, a fachada do Vale dos Buritis começou a desabar. De outubro até agora, as famílias vêm passando por muitos constrangimentos e incertezas. Ao todo, 14 famílias saíram de suas residências. Ninguém ficou ferido. No Rio de Janeiro, um prédio de 20 andares na Rua 13 de Maio, no Centro, dasabou na noite do dia 25 de janeiro. De acordo com os bombeiros do Quartel Central, houve uma explosão seguida do desabamento do edifício, localizado perto da Cinelândia, área considerada histórica do Centro do Rio. Outros dois edifícios do lado, um de 10 andares e outro de quatro, também vieram abaixo. Dezessete corpos foram resgatados dos escombros. Ainda há desaparecidos.

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