Projeção do novo prédio da Fundação Forluminas de Seguridade Social (Forluz), o primeiro a ter a certificação LEED em Minas Gerais como construção sustentável
O Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em número de construções ecologicamente corretas. A conscientização dos empreendedores e dos consumidores quanto à exigência de certificação fez explodirem os pedidos de reconhecimento de sustentabilidade nos empreendimentos imobiliários como forma de agregar valor ao produto.
O número de pedidos de certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), sistema de orientação e certificação ambiental criado pelo U.S Green Building Council, não para de crescer. Minas Gerais ocupa a quarta posição no ranking nacional, com um empreendimento já certificado e outros 10 em processo de certificação. O primeiro colocado é São Paulo, com 47 empreendimentos sustentáveis e 308 em processo, seguido pelo Rio de Janeiro, com 10 certificações e 83 em andamento, e o Paraná, com dois certificados e 35 em processo.
A questão da sustentabilidade pode estar na produção do material da construção, diz o arquiteto e professor no curso de extensão em sustentabililidade da PUC Minas André Buarque. A gestão energética e/ou de água pode ser contornada pelo ser humano com inteligência, da mesma forma que o material utilizado. No caso de cimento e ferragens, por exemplo, são materiais retirados de minério, que causam grandes impactos ambientais, não somente na extração, mas também no transporte. Madeiras, se forem manejadas de forma correta, podem causar impacto positivo, uma vez que o plantio de florestas para manejo purifica o ar. Entretanto, seu transporte até o local da construção causa impacto, por causa do uso de combustível fóssil.
Para a construção de casas de madeira, o material deve ser certificado e o cliente deve estar atento a isso. “No Brasil, não há muito o hábito de construir casas em madeira, uma vez que causa desconforto térmico.” Mas não é o que pensa o empresário Júlio Cezar Ramos, da Dakota Alto Padrão em Casas de Madeira, que aprendeu a construí-las em Imperatriz (MA) e adotou a técnica em Belo Horizonte. A empresária Márcia da Silva Batista, da MG Sistema Construtivo, também aposta no mercado de casas de madeira, mas adotou uma técnica diferenciada da usada nas pré-fabricadas. Sua empresa oferece até 30 modelos de plantas. Ela e Júlio Cezar garantem que trabalham somente com madeiras certificadas e de reflorestamento.
CONFERÊNCIA
Márcia da Silva Batista, da MG Sistema Construtivo, diz que trabalha somente com madeiras certificadas e de reflorestamento
Há cinco anos, existiam no Brasil apenas oito empresas com a certificação Leed em andamento. E é com foco em apresentar, discutir e fomentar iniciativas desse mercado em potencial que a Reed Exhibitions Alcantara Machado (RXAM) promove a 3ª edição da Greenbuilding Brasil – Conferência Internacional & Expo, entre os dias 11 e 13 de setembro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Além de apresentar o que há de mais atual em produtos e serviços do setor, o Greenbuilding Brasil oferece uma imersão no mundo sustentável a partir de conferências com especialistas e visitas técnicas que possibilitam entender na prática a exata dimensão de uma construção civil sustentável.
Segundo a gerente da Unidade de Negócios e Conferência da Reed, Márcia Coimbra, os especialistas nacionais e internacionais poderão transmitir ao público participante todo o panorama do setor da construção civil mundial, “quer pela apresentação de cases que foram classificados como referência global para o segmento, quer por meio da apresentação e as tendências que vão nortear os profissionais envolvidos nesse mercado nos próximos anos”.
Alternativa para reduzir custos O preço da construção pode cair pela metade com a substituição da alvenaria por material pré-fabricado e eliminação de resíduos
A utilização de material pré-fabricado pode diminuir em até 50% o custo de uma construção em relação à alvenaria, como garante o empresário Volmar Barcelos de Almeida Filho, da Nova Casa. A tecnologia de sua empresa usa placa e pilar de concreto em casas populares. A construção é rápida e não há desperdício de material.
O cliente recebe toda a estrutura pronta, ficando por sua conta o interior do imóvel, que ele construirá de acordo com seu gosto e seu orçamento. Esse acabamento representa cerca de 30% no preço final da construção. A Nova Casa fabrica, além do módulo estrutural, janelas, portas e telhado colonial.
De acordo com Volmar, a obra é barata em relação à alvenaria, uma vez que o tempo gasto na construção é bem reduzido. “Uma casa de dois quartos demora cerca de 10 dias para ficar pronta; uma de três quartos, em torno de 15 dias. São 30 modelos à disposição. Uma casa de 200 metros quadrados (m²) leva até 40 dias para ficar totalmente pronta, incluindo seu interior.
Volmar Barcelos, da Nova Casa, garante que a construção é rápida e não há desperdício de material
O empresário esclarece que a casa é definitiva, ou seja, não é desmontável. O terreno tem que ser natural, nivelado, com terra firme, sem aterro, e a fundação é feita pela empresa. “O pré-moldado é a construção do momento: rápida, baixo custo e usada em obras de hospitais, metrô, shopping e recentemente, o Estádio Independência.”
A MG Sistema Construtivo utiliza produtos padronizados de tecnologia avançada, permitindo obra rápida, limpa e com acabamento superior ao da alvenaria tradicional. Segundo a empresária Márcia da Silva Batista, ela é composta por perfis de aço galvanizado ou madeira, contraventados por painéis de OSB estrutural, lã de vidro, membrana e placa de cimento.
RECICLADOS
A vantagem, segundo Márcia Batista, é que não há desperdício de material, além da rapidez na construção. São utilizados produtos reciclados e madeira de reflorestamento na estrutura: o pinus autoclave, com garantia de 20 anos.
Júlio Cezar Ramos, da Dakota Alto Padrão em Casas de Madeira, usa paraju, madeira nobre nativa da Amazônia. Segundo o construtor, a madeira não precisa de tratamento, mas deve ser feita manutenção a cada dois anos, principalmente nos locais muito atingidos pelo sol e água de chuva. Deve-se evitar o acúmulo de água junto à estrutura da construção.
“A manutenção é basicamente raspar, lixar e invernizar ou pintar. O cliente apresenta seu próprio projeto, mas temos várias opções para oferecer. Uma vez pronta, a casa de madeira pode receber modificações, desde que não se mexa na estrutura.”
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