Entre novembro e dezembro, começa a construção. E, ano após ano, moradores de uma pequena vila na Suécia contribuem para criar um evento único. O hotel de gelo deste ano já está pronto e, até meados de abril, turistas do mundo inteiro poderão visitá-lo. Chamada de Icehotel, a construção efêmera é erguida há 23 anos em Jukkasjärvi, 200 km para dentro dos limites do Círculo Polar Ártico. Antes que o gelo comece a derreter, a atração passageira deve ser vista por cerca de 50 mil pessoas vindas de várias partes do planeta, aumentando em muito o movimento na localidade que tem população de 900 habitantes e aproximadamente mil cachorros.
Instalado em um área de cerca de 5 mil m², o hotel é formado por uma quantidade superior a 30 mil toneladas de gelo e neve, sendo que finos quadros metálicos, usados para reforçar a estrutura, são o único material diferente. Neste ano, o Icehotel foi construído com 65 quartos, e as suítes têm design assinado cada uma por um artista, o que faz com que as acomodações sejam exclusivas. Os profissionais usam desde serras elétricas e talhadeiras a ferros de passar roupa para trabalhar as formas no gelo, modificando sua densidade e textura para criar as esculturas.
Assim, um projeto peculiar e diverso surge a cada ano, fortalecendo a ideia da natureza passageira e mutável das coisas, inspiração para a obra do hotel de gelo, da qual cerca de cem pessoas participam. Uma ligação ímpar entre artistas, tempo e design, dá forma ao conceito. Antes que as águas congeladas iniciem a volta ao rio de onde vieram, em abril, enquanto está funcionando o hotel dispõe de variadas atividades para a diversão dos hóspedes que podem, por exemplo, sair para apreciar a aurora boreal ou acompanhar o processo de criação de esculturas de gelo, além de fazer passeios de trenó guiado por cachorros ou renas, e excursões a cavalo. A interação direta com os Sami, o povo nativo da região, é outra possibilidade.
Durante o dia, o Icehotel se transforma em uma verdadeira exposição de arte aberta ao público. A célebre sala de jantar e o bar, com sua atmosfera onírica e intangível, já foram o cenário para campanhas de grandes marcas da moda, como a Hermès. “Muitos grupos diferentes, com diversas funções, contribuem para a realização do sonho que é o Icehotel. Alguns dos artistas que estão aqui nunca viram neve e gelo antes, enquanto outros são veteranos nesses materiais. É uma troca criativa, um diálogo sobre a criatividade e várias técnicas”, ressalta o diretor de arte do projeto, Arne Bergh.