O desenho desta casa no México prolonga o universo da ficção e o converte em espaços reais, fazendo nascer um lugar de descanso e contemplação, aberto ao entorno e muito acolhedor por dentro. Localizada na cidade de Tepoztlán com projeto do escritório A-001 Taller de Arquitectura, a Casa do Vento, como foi denominada, busca a ideia arquitetônica na lenda de Tepozteco, que dá conta de que as ranhuras de erosão eólica e hidráulica comuns no relevo da região eram, na verdade, efeito dos lendários machados de moradores raivosos em relação ao seu deus do vento (Ehécatl).
Três linhas principais sustentam a proposta de uma morada aberta ao vento, em constante intercâmbio com o meio onde foi concebida. Três pedaços de terra que caem da encosta se tornam paredes, e varandas em balanço formam ambientes que conectam o interior e o exterior.
Como uma reverência à natureza, a residência se volta ao norte, fazendo com que cada cômodo receba 180 graus de visão para a colina, o que difere conforme a direção do sol. O traçado esbelto aproveita, ao mesmo tempo, a iluminação da fachada sul e a paisagem pelo norte, além de permitir a ventilação cruzada em todos os espaços.
Sob responsabilidade do arquiteto Eduardo Gorozpe Fernández, a obra incorpora os materiais típicos locais e outros mais modernos em um clima aconchegante, aberto à experiência de campo. Esta especificação frutifica a diversidade cultural que integra a cidade. Os pisos destacam o concreto aparente, e as paredes internas e externas têm acabamento em calcário, o que proporciona à casa uma boa barreira térmica e pouca demanda de manutenção.
O melhor proveito energético, com baixo consumo e uso de recursos naturais, são características sustentáveis do projeto, que
inclui sistemas de captação da água da chuva, aquecedores solares e uma zona verde no balcão principal.
Concluída neste ano com 650 m² de área construída, a Casa do Vento oculta recantos íntimos com detalhes ecologicamente corretos: um terraço pronto para meditar, pequenas varandas para visitar o sol e a piscina que ambienta a prática do dia com o reflexo de Tepozteco.
Cada habitação envolve o usuário entre a paisagem, da qual ele, com sua presença, é o novo escultor.