A consciência ambiental já é uma realidade no mercado imobiliário, com iniciativas governamentais ou ações espontâneas da iniciativa privada que estimulam a utilização de práticas sustentáveis, especialmente no que se refere a projetos residenciais ou comerciais, que planejam edificações voltadas à preservação do clima e do ambiente.
Essa realidade se reflete na busca da certificação ambiental quando da construção desses edifícios, que concede um certificado denominado Leed® (Leadership in Energy and Environmental Design®), o chamado selo verde para a construção civil, ainda incipiente no país, mas com elevada solicitação de processos de certificação, que deverá representar um enorme incremento nos imóveis certificados no país.
Não é só o número de projetos que se mostra alentador, mas a ampliação do tipo de imóvel, especialmente um setor em que o luxo e a exuberância são muitas vezes confundidos com práticas não sustentáveis e desperdícios, o hoteleiro. Nesse segmento, a mudança de mentalidade é uma realidade em todo o
mundo, quando se busca aliar o conforto com o respeito ao meio ambiente.
Leia mais:Ecológicas e muito belasGreen Buildings, antes tarde do que nuncaConstruções em terra crua: uma opção conscienteUma análise preliminar da questão mostra que não são necessários grandes investimentos ou drásticas mudanças na condução desses estabelecimentos, mas medidas simples podem colaborar, e muito, com a melhoria das condições ambientais, tais como o tratamento de esgotos, separação do lixo, redução do consumo de água e adoção de energias alternativas, especialmente a solar.
Nessa direção, podemos citar o caso do lixo. Os resíduos orgânicos podem ser levados a uma miniusina e serem transformados em adubos para aplicação na própria horta e nos jardins do empreendimento hoteleiro, ou o lixo reciclável, cujo material é de fácil separação, desde que se adotem práticas de coleta seletiva.
No que se refere à flora, em hotéis situados em regiões rurais destacam-se não só as práticas de preservação da mata nativa, mas também a recuperação das matas ciliares, aquelas situadas às margens dos rios, bem como o plantio de espécies com manejo florestal, como o eucalipto, utilizado para abastecer a sauna e as lareiras.
Na questão energética, não é só a adoção da energia solar e também eólica que ganha espaço no setor, mas a combinação com práticas de gerenciamento energético. Isso implica utilização de lâmpadas mais eficientes, como fluorescentes e de LED, sensores para iluminação e programação de desligamento seletivo, como letreiros, que não precisam ficar acesos toda a noite, e desligamento de elevadores em horários de menor demanda.
Por tudo isso, as edificações projetadas de maneira sustentável, obedecendo às normas que lhe garantem a certificação ambiental, têm incremento em torno de 10% no custo de construção. Entretanto, além dos benefícios intangíveis que trazem a toda a coletividade, está comprovado que resultem em um custo de operação 40% menor que os edifícios convencionais.
*Francisco Maia Neto é engenheiro e advogado, sócio da Precisão Consultoria e autor do Guia de negócios imobiliários - Como comprar, vender ou alugar seu imóvel
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