Arte se alia à decoração com a facilidade de acesso ampliada no país

Antes reservada a museus ou à casa de poucos privilegiados, obras agora podem ser encontradas em projetos residenciais

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postado em 14/10/2012 11:24 / atualizado em 15/10/2012 12:20 Júnia Leticia /Estado de Minas
Especialistas recomendam quadros, móveis e lustres com design exclusivo, como objetos artísticos, para ajudar a dar estilo único aos ambientes. Peças podem ser encontradas a preços atrativos em bazares e galerias - Eduardo de Almeida/RA Studio Especialistas recomendam quadros, móveis e lustres com design exclusivo, como objetos artísticos, para ajudar a dar estilo único aos ambientes. Peças podem ser encontradas a preços atrativos em bazares e galerias


Minas Gerais é um celeiro de artistas que são reconhecidos mundo afora. Do barroco aos dias atuais, as obras de arte têm o poder de aguçar os sentidos. Na época do Império, adornavam os casarões e eram destinadas a uma pequena parcela de privilegiados que podiam pagar por elas. Atualmente, a arte se democratizou e está mais acessível a uma parcela maior da população. Uma prova disso é que profissionais de design e de arquitetura cada vez mais a inserem em seus projetos, com a aprovação dos clientes, claro.


Uma dos profissionais que observam essa abertura para levar a arte para dentro de casa é a arquiteta Valéria Alves. Para ela, uma das razões para que isso ocorra é o crescimento no número de artistas e vernissages. “Outro motivo são as diversas plataformas de mídias, web, TV e veículos impressos que propagam as novidades e eventos ligados ao setor. Os preços também se tornaram atrativos, já que um artista em início de carreira pode oferecer trabalhos de qualidade com valores acessíveis à maioria das pessoas”, explica.

Entre as peças que se enquadram no perfil de mais acessíveis estão muitos objetos feitos de matéria-prima natural, como o barro. “Peças feitas com material reciclado podem ser de extremo bom gosto e com preços bem atraentes. Pinturas em tela, esculturas em madeira, ferro ou aço: varia muito em função do currículo do artista. Porém, muitos profissionais de renome costumam realizar promoções em seus ateliês”, diz.

Serigrafias, gravuras, fotografias e grafite são só alguns dos exemplos de como a arte pode ser inserida nos ambientes da casa, como aponta a designer de interiores da Casa Cor Sheila Mundim. “Atualmente, o acesso à arte se tornou mais fácil. O fato de a televisão e a internet fazerem a divulgação das artes no cotidiano tornou o seu acesso mais corriqueiro, e há espaço para todos os gostos e valores”, afirma.

A designer de interiores Camila Guerra confirma que as obras de arte têm sido um recurso cada vez mais presente na decoração, “enriquecendo os ambientes de forma charmosa e elegante, e ainda democratizando a arte. Elas inspiram, atraem olhares e deixam ambientes com status de sofisticação e charme”, considera. Tudo isso independentemente da fama do artista ou das dimensões das peças. Todas elas vão enriquecer o ambiente. “Não podemos esquecer que todo grande artista começou no anonimato. Ninguém sabe o dia de amanhã.”

Vasos e peças de cerâmica são bons aliados do estilo na composição dentro de casa - Eduardo de Almeida/RA Studio Vasos e peças de cerâmica são bons aliados do estilo na composição dentro de casa
Por isso, no momento de decidir qual tipo de obra usar na parede da sala, não imagine que somente quadros de Picasso trarão o efeito desejado. “Além de pinturas consagradas, é possível abusar de gravuras, trabalhos com tapeçaria, fotografia, desenhos abstratos e até mesmo de objetos emoldurados para conseguir uma bonita decoração”, explica Camila.

FONTE
Com tantas opções, fica a dúvida: por onde começar a busca pelas peças? Valéria Alves diz que vale a indicação de amigos, pesquisa na internet e verificar o que é divulgado em veículos de comunicação. “A maioria dos artistas trabalha em seus próprios ateliês. Alguns marchands galeristas representam também esses profissionais. Há ainda lojas de decoração que comercializam objetos e quadros.”

Para escolher qual adquirir entre as opções disponíveis, a arquiteta conta que não há critérios para gostar de um tipo de arte. “Porém, questões básicas como equilíbrio nas cores para combinar o objeto ou quadro com o mobiliário são importantes. Caso seja uma obra de um artista consagrado, o ambiente deve ser pensado para dar destaque a ela”, aconselha Valéria.

Destaque para as obras
Escolher o local ideal para ressaltar as características da peça artística exige um pouco de atenção com proporções, iluminação e o estilo do ambiente onde ficará

Outra dúvida que pode ser frequente quando se pensa em colocar uma obra de arte em casa é como escolher o local mais apropriado a ela. Quando o assunto é manter a harmonia em um ambiente, é preciso tomar cuidado com as proporções,
A designer de interiores Sheila Mundim diz que a iluminação de telas e fotografias ampliadas devem usar lâmpadas do tipo dicroica e focos mais abertos - Eduardo de Almeida/RA Studio A designer de interiores Sheila Mundim diz que a iluminação de telas e fotografias ampliadas devem usar lâmpadas do tipo dicroica e focos mais abertos
principalmente quando for instalar quadros. “Isso pode ocorrer em momentos diversos, como ao posicionar uma obra de arte de tamanho reduzido em meio a uma parede grande. Neste caso, a melhor opção seria colocar a tela próxima à quina da parede e em uma altura baixa. Por outro lado, telas grandes acabam se destacando e pedem, muitas vezes, um canto separado”, indica a designer de interiores Camila Guerra. Altura e organização também devem ser levadas em consideração na hora da montagem. “Organizar quadros em uma parede é uma coisa pessoal, mas temos de respeitar o contexto do ambiente.”

Para quem gosta de espaços com predomínio de cores claras, a designer cita um exemplo de como manter a harmonia. Uma das possibilidades é recorrer às tonalidades bege e marrom-claro nas obras. “Quando a tela for o ponto central, a decoração deverá ser minimizada e as cores do trabalho exaltadas. Entretanto, se a tela vier para complementar, o ideal é que os tons do quadro combinem com as cores do espaço.”

Segundo a designer, outra maneira de conseguir um efeito bonito na decoração é criar composições com artes diversas. “Sem hierarquia, o grupo pode ser arrumado simetricamente ou de modo irregular, trazendo a sensação de movimento ao espaço. O conjunto poderá ainda preencher toda a parede, com itens variados ou peças repetidas”, sugere. Camila admite que esse tipo de composição não era muito comum. “Há algum tempo, uma pintura não seria misturada a quadros de outras técnicas, pois cada um tinha sua importância. Hoje, gravuras e artesanatos estão em alta e podem ser colocados ao lado de qualquer tela consagrada.”

A colocação no espaço é muito importante e, nesse aspecto, além de levar em conta o tamanho, a textura e as cores, é essencial pensar na iluminação correta. “A luz valoriza, mas também ‘mata’ a obra. Principalmente as esculturas, pois nelas o efeito de luz e sombra é muito importante”, observa Camila.

BRILHO IDEAL

Para manter o equilíbrio da decoração, a arquiteta Valéria Alves recomenda atenção ao usar peças muito pequenas em ambientes de grandes proporções - Eduardo de Almeida/RA Studio Para manter o equilíbrio da decoração, a arquiteta Valéria Alves recomenda atenção ao usar peças muito pequenas em ambientes de grandes proporções
A arquiteta Valéria Alves diz que a iluminação deve ser bem pensada para valorizar o ambiente e destacar a obra. “O local escolhido não deve recebe luz solar ou ser local de passagem constante, com o risco de as pessoas esbarrarem no objeto ou quadro. Também é preciso pensar um local onde não seja necessário ficar retirando as peças para manutenção do ambiente.”

Ao se empregar a iluminação, a sugestão é usar pontos de luz individuais direcionados para os objetos, criando um impacto visual agradável. “Mas deve-se ter o cuidado na escolha da potência e o tipo de lâmpada para não danificar a obra e valorizar com fidelidade as cores. Também a abertura de feixe de luz será determinada para cada obra de arte, analisando cada uma de forma individual.”

Ao iluminar uma tela, a designer de interiores Sheila Mundim diz que o recurso, geralmente, deve ser direcionado com foco mais aberto. “Pode-se utilizar uma dicroica para conseguir esse efeito. No caso de esculturas, o foco deve ser mais fechado e a iluminação indicada são as lâmpadas PAR20 ou AR70.”

Proporções dentro do esquadro

Eduardo de Almeida/RA Studio
Para que o equilíbrio e a harmonia possam dar o tom da decoração, Valéria Alves indica o que dá certo na elaboração do projeto que tenha uma obra de arte. Uma delas é não utilizar uma peça muito pequena em um grande ambiente. “Elas vão desaparecer, exceto se for um número maior de peças e que sejam dispostas bem próximas umas das outras, ou em um lugar pontual para esse fim.”

Não utilizar peças muito grandes em espaços muito reduzidos e escolher locais estratégicos que chamam a atenção, nos quais ela seja fácil de ser vista, são outras dicas para acertar na composição. “Nessa tarefa, o designer de interiores é um dos profissionais que podem auxiliar na escolha e colocação das obras”, diz Valéria.
A arquiteta explica que o trabalho do profissional abrange a escolha do local para melhor visibilidade e adequação da composição ao ambiente, buscando valorizar o espaço como um todo. “Além de passar orientações sobre limpeza e manutenção adequadas das obras”, completa.

Nos projetos é levada em consideração a proporção entre a obra e o ambiente, para que não haja conflitos de atenção. “Ou seja, para que um elemento não ofusque o outro. Um macete quase sempre utilizado é a centralização da obra com a parede”, cita Sheila.

A criação de um detalhe nas laterais de sofás, acima de uma mesa lateral também, pode ser interessante para localização de obras de arte, conforme a designer. “Além de poder aproveitar-se de alguns artifícios, tais como papel de parede, pintura com uma cor diferenciada, entre outros, para atrair a atenção, desde que sejam escolhidos em tons neutros e fiquem harmonizados com as obras.”

Há, ainda, profissionais que conjugam a arte de projetar espaços com a de fazer obras. O resultado é maior harmonia entre as peças e o ambiente. Este trabalho é desenvolvido pela arquiteta e artista plástica Luciana Fonseca do Carmo. “Fazer a obra de acordo com o espaço do cliente foi algo que aconteceu naturalmente. Ao projetar ambientes, percebi a necessidade de peças com medidas não convencionais, texturas, um detalhe, e isso foi despertando outras formas de criação”, conta.

Luminárias com design único garantem ótimos resultados em vários cômodos - Eduardo de Almeida/RA Studio Luminárias com design único garantem ótimos resultados em vários cômodos
A partir daí, Luciana percebeu a satisfação dos clientes e o crescimento da demanda por este serviço, que começa com uma consultoria. “Quando um cliente encomenda uma obra, o primeiro passo é, se possível, visitá-lo e analisar o espaço onde ela ficará exposta. Faço uma entrevista com ele, dou sugestões e junto material suficiente para um ‘laboratório’ (medidas, cores, estilo, gostos ou um detalhe). Há obras que, no primeiro contato, já sei exatamente o que farei. Com outras, o processo é um pouco mais demorado.”

EM SEGURANÇA
Depois do investimento, é preciso estar certo de que a obra não corre o risco de ser danificada devido a falhas em sua instalação. E para cada uma delas há uma especificação, como conta Valéria Alves. “Para se instalar qualquer peça em uma parede de drywall, é necessário um tipo de bucha específica para segurar o parafuso e o número pode ser calculado pelo peso da obra”, exemplifica.

No caso de paredes de drywall, Sheila Mundim explica que, por serem mais frágeis, não suportam muito peso. “É preciso atentar, também, quanto à localização das tubulações, para não correr o risco de perfurá-las. No caso de esculturas, é preciso prestar atenção no suporte em que ficarão apoiadas, para que sustentem o peso necessário”, adverte.

Jocimar Tavares - artista plástico - Eduardo de Almeida/RA Studio Jocimar Tavares - artista plástico


Palavra de especialista
Jocimar Tavares - artista plástico

Popularidade em alta

A arte se tornou mais acessível sim. Acredito que seja por uma série de fatores, como o aumento da renda de parte da população, facilidade de acesso às obras e aos artistas por meio dos meios de comunicação, feiras de arte, entre outros. Entre as artes que se enquadram nesse perfil há fotografias e gravuras, mas não é regra, pois depende da obra e do artista. Para escolher qual peça de arte usar, acho que o critério principal é a identificação com a obra, daí pode ser uma escultura, pintura, etc. E existe também o trabalho por encomenda. Às vezes eu crio em cima daquilo com que o cliente se identifica, mas também não é raro ocorrer de ele esperar a obra ficar pronta para então decidir qual será a cor da parede, o tipo de móvel que usará. Isso para mim é muito gratificante, porque mostra que a obra não é um mero adorno em um ambiente. Para escolhê-la, um bom galerista, um designer de interiores, assim como um bom arquiteto, que, além do senso estético e técnico, tenham visão mais ‘emocional’ de uma obra, podem auxiliar.”
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