Projetos propõem revitalização de áreas abandonadas para diminuir criminalidade
Além de tornar os espaços funcionais e mais bonitos, a arquitetura pode contribuir para diminuir os índices de violência. Urbanização incentiva a inserção das pessoas em regiões antes abandonadas e propícias à prática de crimes
A revitalização de um local deserto próximo a uma área residencial resultou nesta praça, onde os moradores podem se exercitar na academia ao ar livre e contemplar a natureza
Segundo dados do relatório Índice de Progresso Social (IPS), divulgado no primeiro semestre desse ano, o Brasil aparece em 11º lugar na lista dos países mais inseguros do mundo, perdendo apenas para Iraque, Nigéria, Venezuela, República Centro-Africana, África do Sul, Chade, República Dominicana, Honduras, México e Sudão.
Em 1982, o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo criminologista George Kelling, ambos norte-americanos, publicaram um estudo que pela primeira vez estabelecia essa relação causal entre o espaço habitado e a violência. O trabalho da dupla ficou conhecido como a Teoria das Janelas Quebradas, uma referência ao exemplo usado por eles.
Se alguém quebra uma janela e o vidro não é substituído, argumentam, outras pessoas que passam pelo local podem se sentir à vontade para fazer o mesmo, já que o ato de vandalismo parece não produzir qualquer reação imediata. O sentimento de anarquia se espalha epidemicamente pelo bairro, criando uma espiral de degradação. Nesse espaço sem controle, um assaltante se sentirá seguro para agir, pois ninguém parece ter condições de impedir, ou mesmo se importar, com problemas relacionados à manutenção da ordem.
“Os projetos urbanísticos têm um papel fundamental na redução da criminalidade, pois estimulam a ocupação e possibilitam que os usuários permaneçam por mais tempo nas áreas públicas, isso as tornam mais vigiadas e seguras. Além disso, uma área bem projetada faz com que esses frequentadores se sintam donos do espaço e o mantenham protegido e bem cuidado”, pondera a arquiteta Nathália Otoni.
Planejamento urbano, paisagismo e iluminação pública adequada é o que sugere a arquiteta Luciana Araújo. “O ideal é propor equipamentos urbanos que beneficiem os usuários da região; planejar um paisagismo capaz de tornar o espaço mais convidativo; projetar uma iluminação pública que torne o local mais seguro e criar um tratamento da área que dê uma identidade e agrade aos espectadores”, conta.
Para que a revitalização do espaço seja bem feita é preciso entender o entorno desse local. Isso faz toda a diferença no que diz respeito à funcionalidade. “Se a área for comercial, espaços de descanso e contemplação são bem-vindos. Caso seja residencial, playgrounds e equipamentos de ginástica podem e devem ser propostos”, sugere Luciana.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
Andre
- 21 de Dezembro às 14:29
É igual o anastasia fez com as Febem do horto e do Barreiro, que viraram áreas para os jovens e pra população.mudou a região...